Creio que para vários colegas a matéria nas páginas 4 e 5 do Boletim da APUFSC de 14 de maio de 2012 constitui uma surpresa, e não das mais agradáveis. Esperávamos todos uma discussão mais ampla da proposta da antiga reitoria para os critérios de pontuação para promoção em nossa carreira e, em meu caso particular, esperava, pelo bem dos procedimentos republicanos, que não se tentasse impor esse estudo à nova administração, ao apagar das luzes de uma reitoria que, no mínimo, havia tido um voto de desconfiança da maioria da comunidade. Foi essa a principal razão de eu não ter opinado sobre o mérito da proposta quando fomos informados, no início de um semestre letivo, que tínhamos 10 dias para apreciar, discutir e propor mudanças. Continuarei não dando uma opinião de mérito, apesar de achar que a proposta tem defeitos seríssimos, em particular quando se propõe a induzir uma politica acadêmica (apenas um exemplo: o ensino é avaliado apenas por uma avaliação dos alunosd+ fora isso, a pontuação desse item se dá apenas pelo número de horas-aula alocado no PAD, o que, infelizmente, pode ser uma peça de ficção na UFSC).
Mas salta aos olhos que a matéria das páginas citadas é muito mais uma peça de propaganda de uma comissão da antiga reitoria do que um indutor de discussão na comunidade. Um incidente sério já havia ocorrido, quando, recentemente, uma resposta a um comentário de um professor, por parte de um diretor, foi publicada no mesmo número do Boletim da APUFSC que o próprio comentário. Essa atitude é fortemente condenada em meios editoriais e um incidente análogo no passado acabou com o pedido de desculpas do diretor na época (e eu esperava fortemente que o atual acabasse também assim). Agora, o uso de um Boletim do nosso sindicato para uma propaganda pura e simples de uma comissão oficial da antiga reitoria é um baque seríssimo na tentativa de se colocar a APUFSC-Sindical a serviço de todos os sindicalizados e não como suporte de interesses específicos. Todos sabemos que há várias opiniões contrárias à proposta da comissão mas nenhuma delas foi listada no artigo. O que se vê é uma série de justificativas para a criação da comissão e argumentos quase todos favoráveis às suas conclusões. A falta de assinatura revela que o texto é opinião da diretoria e a pergunta óbvia é se esta deveria se colocar a favor de qualquer visão, nesse assunto, ou, no máximo, deveria induzir uma discussão efetivamente ampla. Imagino como me sentiria como representante no CR, vendo que a diretoria se arvorou como executora de uma suposta opinião da categoria, sem ouvi-la.
Participei por anos das críticas à atuação da APUFSC-SSind e da criação do que seria uma tentativa de devolver o poder aos sindicalizados (ou associados). A mudança do estatuto da APUFSC-SSind, a tentativa de revitalização do conselho de representantes, e outras, foram todas atitudes nessa direção. Não posso me omitir quando sinto que um grande retrocesso possa estar acontecendo. A APUFSC-Sindical não pode servir a alguns partidos ou grupos específicos mas também, jamais, deve se prestar à propaganda de qualquer administração que esteja em seu turno na reitoria ou a ser voz de apenas algumas pessoas, ignorando a vontade e a opinião de seus sindicalizados.