Peço licença para levantar uma poeira: o nível de evasão e de reprovação por frequência insuficiente nos cursos de graduação da UFSC. Este problema acontece em vários cursos. Em 2011, o Núcleo Docente Estruturante da Economia apresentou relatório sobre este problema. Baseado neste estudo, houve pedido à Câmara de Ensino de redução de vagas no curso de Economia. O relator pediu maiores informações sobre as razões do alto nível de evasão e de reprovação na Economia. Boa pergunta e bom tema para discussão.
Estudos estão sendo feitos para uma boa análise e avaliação. Mas, ao invés de se discutir o problema da evasão e de readequação da oferta de vagas, com redistribuição entre cursos, criação de novos cursos e redução em outros, há silêncio pelo lado da reitoria e barulho pelo lado estudantil. Alguns dados são importantes. No caso do curso de Economia há oferta de 180 vagas por ano. Por vários semestres, há mais egressos por abandono e desistência do que por formatura.
Comparativamente, a taxa de sucesso (número de formados dividido por vagas no vestibular), em 2011, na UFSC foi de 72% e 46% no curso de Economia. Ainda no curso de Economia, em 2011, o índice médio de reprovação nas disciplinas foi de 35%. Constata-se também que houve mais reprovação por frequência insuficiente do que por nota. Seria bom que todo professor tivesse conhecimento deste índice em sua disciplina e curso.
A ausência de discussão sobre o que fazer frente estes índices assustadores sublinha uma vontade de olhar para o abstrato e esquecer de olhar para o concreto. Na sociedade moderna contemporânea, a educação já é um valor universal. No Brasil, a universidade pública deve ser defendida constantemente. No entanto, o duro exercício de valorizar a vaga em uma universidade pública com estudo e respeito ao recurso investido, infelizmente, não é discutido e controlado. Já está em boa hora de verificar se estamos implementando estes valores. Pode haver evasão e reprovação por FI irresponsavelmente, mas não se pode discutir ajuste de vagas.
Quando os alunos fazem manifestações contra proposta de redução de vagas, há bela retórica e imagens de defesa da universidade pública. Quando há necessidade de perseverança, dedicação e horas de estudo, o número de alunos em sala se reduz, qualquer problema nas condições de ensino e aprendizagem torna-se uma boa desculpa para a reprovação, a agitação estudantil torna-se um bálsamo contra a monotonia da aula, a evasão e a FI uma saída rápida contra a atividade que prometia ser lúdica, mas que se apresentou como uma equação monstruosa ou leitura modorrenta.
Será que podemos discutir estes problemas de evasão, FI e de readequação da oferta de vagas na UFSC em um contexto que não seja de silêncio sepulcral, nem invasões ao som de bumbo? Podemos, sim, reafirmar valores, mas também devemos ficar atentos em perseguí-los.