O Prof. Nestor, autor do texto “Progressão funcional: uma outra visão”, publicado no presente Boletim, comete, ao meu ver, algumas atrocidades, omissões e acusações infundadas, que, em função da gravidade das mesmas, eu me permito responder no mesmo boletim, uma vez que o seu texto já foi amplamente publicizado e discutido nas listas de discussão. Assino este texto como professor da UFSC e não como membro da comissão, uma vez que ele reflete uma opinião pessoal.
Raciocínio “mesquinho”
O prof. Nestor me acusa de “raciocínio mesquinho” e defende que “os professores trabalham porque gostam da profissão e muitas vezes não se importam se o seu trabalho vai ser valorizado por uma tabela, eles tem razões mais nobres para realizar suas atividades”. Diga-se isto para um colega que, mesmo que em jornadas muito além das requeridas, não consegue os pontos para a sua progressão ou promoção. Amplie-se este raciocínio para os nossos colegas que labutam no ensino fundamental ensinando crianças a ler e fazendo isto, porque têm “imensas e nobres razões”… e porque gostam do que fazem. De fato, o que o autor defende é um prato feito para que se possa justificar todos os absurdos que vivemos em nosso país no campo da educação. Com isso, o autor está defendendo o governante ou o patrão, quando pressupõe que: “O salário dos professores pode ficar como está porque se são professores é porque eles têm nobres razões para isto… e gostam do que fazem”.
Reação à primeira tabela
O autor aparenta ter o hábito de tentar resumir o que todos pensam. Desta forma ele afirma em seu texto que: “A razão fundamental para a reação foi a forma em que a proposta foi criada e encaminhada para aprovação”. As reações à primeira tabela publicizada em 2010 tiveram diferentes razões, mas, acredito que, além da colocada pelo Prof. Nestor, houve, ao menos, duas outras razões também importantes: I) a tabela estava mal feita, era injusta e pouco estimulava o desenvolvimento acadêmico do docente e II) havia opiniões de que a proposta deveria levar em conta a subjetividade (a minha opinião por exemplo). Foi sobre os problemas da proposta que se deu a discussão e que acabou na comissão da Apufsc e na consulta, quando a maioria dos respondentes opinou que preferia uma tabela com critérios claros e com um peso pequeno da subjetividade.
Omissão proposital
Em meu texto no boletim 766 eu escrevi assim: “Em minha opinião, por ser, além de uma questão institucional, uma questão de interesse direto de nossa categoria, é importante que o processo de transição de gestão que vive a UFSC neste momento preserve a proposta em suas linhas básicas e estimule a discussão nos colegiados e fóruns da UFSC visando o seu aperfeiçoamento”… e não o que o autor resume em seu texto, deturpando, propositadamente, o sentido do mesmo. Também não vi nenhuma “postura autoritária” por parte da Profa. Débora, nossa Pró-Reitora, que nos deu plena liberdade e o tempo que fosse preciso para que alinhavássemos uma proposta (aquela que o autor afirma insistentemente nas listas de discussão “não querer saber de discutir”).
O autor conclui o seu texto afirmando que “uma proposta de progressão funcional impõe diretrizes para o futuro da universidade e, portanto, não cabe a atual administração indicar o rumo da UFSC, mas sim à nova administração”. Acredito que uma proposta como esta independe de uma ou outra gestão e deve ser motivo de ampla discussão entre os docentes, mesmo que esta discussão se prolongue além do período de gestão correspondente à atual administração da UFSC.
Conheço a profunda relação de compromisso do prof. Nestor com a nova administração e temo que a conotação política que está sendo dada à proposta acabe prejudicando a discussão deste processo de reforma de um conjunto de regras ruins e injustas, que incluem uma saturação nascida de um erro de interpretação da Constituição Federal, um IQ que não é usado e a triplicidade das atividades administrativas.