A terça-feira começou cedo para os servidores. Às 6h30 representantes da categoria iniciaram o dia recebendo parlamentares e cidadãos no aeroporto de Brasília onde distribuíram panfleto explicando problemas e riscos do PL 1992/07. O projeto propõe a criação de uma previdência complementar para o setor público. Ainda pela manhã servidores reunidos no Fórum Nacional de Entidades que congrega trabalhadores do Executivo, Legislativo e Judiciário, uniram forças e foram para a Câmara dos Deputados onde o trabalho de pressão contra o PL se estendeu até o final da votação do projeto. À tarde, um grupo acompanhou do corredor reunião da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) e apesar de solicitar intervenção para falar sobre sua posição contrária ao PL, os servidores tiveram acesso negado ao local. Não fosse o auxilio de parlamentares como o deputado Policarpo, os servidores também teriam sido impedidos de entrar no Plenário para acompanhar a votação. Mas, apesar da forte pressão, com mais de duzentos representantes dos servidores, sob protestos e vaias, por 318 votos a 134 e 2 abstenções foi aprovada na Câmara a privatização da previdência dos servidores públicos.
O resultado negativo da votação de hoje para os trabalhadores não irá diminuir e desanimar a categoria na busca pela derrubada do projeto. Nesta quarta, 29, os parlamentares devem votar os destaques feitos hoje à matéria. Apesar de muitos acreditarem que poucas mudanças devem ocorrer na Câmara, a pressão se volta para o Senado para onde segue agora o projeto. “Vamos continuar a batalha, não vamos jogar a toalha. A Condsef, junto com o Fórum de Entidades, vai denunciar todos os parlamentares que votaram contra os trabalhadores”, disse o diretor da Confederação, Sérgio Ronaldo da Silva que participou hoje de todo o processo de mobilização contra o PL 1992/07, desde o aeroporto até a votação no Plenário da Câmara.
A Condsef deve realizar reuniões em suas instâncias onde fará uma avaliação dos votos que possibilitaram a aprovação na Câmara da privatização da previdência do conjunto do funcionalismo. Durante a votação palavras de ordem como “PT pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão” e “Parlamentar, preste atenção, previdência complementar é privatização” deram o tom da resistência dos servidores que acompanhavam tudo no Plenário.
Governo marcado por contradições – Uma das grandes críticas feitas ao governo da presidenta Dilma Rousseff até aqui é justamente a postura contraditória adotada quando o assunto é privatização. Para a Condsef o governo Dilma e o próprio PT estão contrariando a história de quem sempre pregou e questionou da oposição a postura privatista. Mas em pouco mais de um ano o governo Dilma entregou para o setor privado hospitais universitários, três dos maiores aeroportos do Brasil (Viracopos, Brasília e Guarulhos) e agora a previdência pública do conjunto do funcionalismo.
Para impedir que estragos ainda maiores aconteçam e uma nova e avassaladora era de privatizações volte a corroer o Estado brasileiro, os trabalhadores vão precisar de muita mobilização, unidade e pressão. Continuam em todo o Brasil as atividades ligadas à Campanha Salarial em defesa dos servidores e serviços públicos. Uma greve geral para abril ainda não foi descartada. A Condsef reforça a necessidade de resistir hoje para não amargar amanhã perdas graves de direitos constitucionais que dificilmente voltam. Por isso, é essencial manter a incansável luta em busca de melhores condições de trabalho com reflexo em serviços públicos de qualidade a que toda população tem direito.
Dos 14 deputados catarinenses presentes na sessão, apenas três foram contra o projeto.
Carmen Zanotto PPS…………..Não
Celso Maldaner PMDB………..Sim
Décio Lima PT…………………….Sim
Edinho Bez PMDB……………… Sim
Esperidião Amin PP……………Sim
João Pizzolatti PP………………..Sim
Jorge Boeira PSD………………..Não
Jorginho Mello PSDB…………..Sim
Luci Choinacki PT…………………… Sim
Onofre Santo Agostini PSD……………. Não
Rogério Peninha Mendonça PMDB…. Sim
Romanna Remor PMDB……………… Sim
Ronaldo Benedet PMDB……………… Sim
Valdir Colatto PMDB……………… Sim