A desfiliação do Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte e Montes Claros (Apubh) do Proifes fortalece, ainda mais, a criação de uma federação nacional independente de professores das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes). “A Apubh quer uma federação horizontal. A federação que estão criando com o nome de Proifes não e a federação que os professores da UFMG sempre quiseram e merecem. Chega de aparelhamentos das entidades que escolhemos para nos representar. A história do Movimento Docente sempre teve a Apubh como protagonista. Mais uma vez a Apubh propõe, corajosamente, lançar-se, junto com a Apufsc, para construirmos algo ainda não atingido: uma federação digna dos interesses dos nosso filiados”, destaca o documento que justifica a desfiliação do Sindicato do Proifes.
A Apubh foi fundada em 1977 e foi uma das fundadoras do Andes, em 1981. Mas, de acordo com o Sindicato mineiro, o “Andes nunca assinou um acordo com o governo até recentemente, quando o fez pela primeira vez. Além de não representar os interesses dos professores, a Andes tornou-se aparelho do PSTU e do PSOL, que, inclusive, ajudou a fundar. Por isso, em 2004, a Apubh fundou o Proifes com outras três ADs. No Proifes, a Apubh sempre defendeu a transformação das ADs em sindicatos locais e a fundação de uma federação para representar os interesses de nossa classe junto ao governo federal”, acrescenta o documento, afirmando que alguns diretores do Proifes-Fórum criaram o Proifes – SN, contrariando o projeto de fundação de uma federação exclusivamente de sindicatos locais.
A proposta de transformação do Proifes em federação, de acordo com a Apubh, foi deturpada. “O Proifes-Federação (PF) já nasce aparelhado. Antes do VII Encontro Nacional do Proifes-Fórum, ocorrido em julho deste ano, tivemos acesso a uma mensagem de correio eletrônico do coordenador da Fração Proifes do PCdoB em que se partilhava a direção do Proifes-Federação entre o PT e do PCdoB. As modificações feitas no estatuto do Proifes-Federação durante o encontro pioraram muito a propostas inicial, já que permitem a recondução perpétua da direção, não colocam restrições alguma aos gastos do PF que o presidente pode ordenar e retiram dos sindicatos o poder na federação, já que os membros de um sindicato ao Conselho Deliberativo do PF são indicados pela gestão do sindicato pelo tempo de mandato de três anos. Se a gestão do sindicato mudar, a nova gestão não pode indicar outras pessoas para o Conselho”, evidencia a justificativa.
A Apubh também questiona o processo de consulta para a transformação do Proifes-Fórum em Proifes-Federação. De acordo com o Sindicato, o resultado da consulta eletrônica favorável a esta transformação teve 715 votantes de um universo de mais de 14 mil filiados. “O que mais impressiona foram os erros relatados pela empresa que fez a consulta eletrônica: no total, 2.314 erros, três vezes mais que os votos válidos, sendo cerca de 500 apenas da Apubh. O pior erro, no entanto, foi que uma filiada da Apubh foi computada como sendo filiada da Adufrgs. A conclusão é que o processo eleitoral deveria ter sido invalidado, mas não foi”.
Vale lembrar que no mês de agosto deste ano, A Apubh, juntamente com a Apufsc, o Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato), o Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (Adufc-Sindicato), assinou a Carta de Brasília, onde são apresentados os argumentos para a criação de uma federação nacional independente. “Uma federação sem donos, que espelhe os interesses da base dos filiados de cada entidade federativa. Uma federação que permita a dissonância como sede do debate de nossas diferenças, que nos enriquece e complementa. Uma federação que não seja extensão de partidos políticos, mal que dizimou a Andes. Uma federação solidamente construída sobre claros princípios democráticos, corporificados no seu Estatuto e na sua ação”, defendem os Sindicatos que assinam a carta.