Avaliação do MEC vai até 5, mas apenas três cursos conseguiram passar de 4. A UFSC é a que aparece melhor no ranking nacional, na 28a posição. O Instituto Federal no Estado também fez bonito: é o melhor do paísÍndices divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) revelaram como estão universidades e cursos de ensino superior do país. Santa Catarina não teve instituição que alcançou a nota máxima. A Universidade Federal (UFSC) é a primeira a aparecer entre as mais bem avaliadas, na 28ª posição. O Instituto Federal (IF-SC) ocupa o 47º lugar, sendo o melhor instituto do país.
Essas instituições tiveram índice geral de curso (IGC) 4. O indicador leva em conta a nota dos cursos no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e fatores como infraestrutura e qualidade do corpo docente. De 3 a 5 são satisfatórios e as notas 1 e 2, insatisfatórias.
Foram avaliadas 2.176 instituições (229 públicas e 1.947 privadas), entre universidades, centros universitários e faculdades. Apenas 27 ficaram com conceito 5. Destas, 16 são públicas e 11 particulares. A maioria – 985, sendo 90 públicas e 895 particulares – ficou na faixa 3. Com conceito 2 apareceram 674 .
O MEC anunciou, ontem, que 70 instituições com resultado insatisfatório poderão ter vagas congeladas e ser proibidas de criar cursos novos. Entre elas, duas catarinenses: Faculdade de Tecnologia do Senai de Luzerna e a de São José.
O levantamento ainda mostrou a diferença entre universidades privadas e públicas. Enquanto a UFSC aparece na 28ª posição, a primeira universidade privada do Estado a aparecer é a Univali, na 212º colocação. Também foram analisados 4.143 cursos. Cada um recebeu um índice que vai de 1 a 5. Apenas 58 cursos apresentaram nota máxima. O de Zootecnia da Udesc, campus Chapecó, é um deles. Medicina Veterinária da Udesc, em Lages, também foi destaque. É o sexto melhor do país.
Os destaques
MEDICINA VETERINÁRIA – UDESC/LAGES
O curso de Medicina Veterinária do Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV) da Udesc, em Lages, obteve a maior nota do Estado entre todos os cursos: 4.16. É um dos mais concorridos de SC, com 21,1 candidatos por vaga. Segundo a diretora de ensino do CAV, Sandra Ferraz, a instituição recebe alunos de todas as regiões do país devido a sua qualidade e repercussão no campo profissional. Um dos diferenciais é ser o único em Santa Catarina que oferece residência aos acadêmicos. E eles têm a oportunidade de fazer a residência dentro da própria universidade, no Hospital Veterinário. Outro ponto importante para a qualificação do ensino é que 99% dos professores trabalham em período integral. Além disso 95% dos docentes são doutores.
ZOOTECNIA – UDESC/CHAPECÓ
Com sete anos, o Curso de Zootecnia da Udesc, em Chapecó, conseguiu a melhor avaliação no país entre os cerca de 100 cursos da área. O chefe do departamento e coordenador do Curso, Diego Cucco, atribui o resultado a um quadro de professores qualificado: todos têm doutorado. Outro diferencial é o foco na sustentabilidade, que avalia o impacto ambiental das produções de suínos e aves e propõe alternativas para solucionar os problemas. O curso tem cerca de 300 alunos e há 1,5 ano está no prédio novo, inaugurado no Bairro Santo Antônio. Há vários laboratórios como nutrição, solos, fisiologia vegetal, anatomia, parasitologia e microbiologia. Uma fazenda de 63 hectares foi adquirida para instalar unidades produtivas e receber aulas práticas e pesquisas.
De olho nos cursos de Medicina
Diante do mau desempenho dos cursos de Medicina no Brasil, o MEC prometeu cortar 514 vagas de ingresso em diversos Estados do país. Em Santa Catarina, nenhuma graduação foi atingida pela medida, apesar de quatro terem ficado com conceito 2. Confira quais são abaixo:
UFSC, EM FLORIANÓPOLIS
O coordenador do curso, Carlos Eduardo Pinheiro, afirma que o motivo foi o boicote dos alunos, que não responderam à prova. Na avaliação anterior, a graduação ficou com 4. O reitor, Alvaro Prata, considerou a atitude lamentável, e observou que isso acabou prejudicando o desempenho da instituição. O estudante Thiago Cherem Morelli, membro do centro acadêmico e que participou do ato, diz que a faculdade tem problemas de infraestrutura, como no setor de anatomia, que deixou de ter aula prática e sofre com a falta de professores. Para ele, o fato de o curso ir bem no Enade gera um “falso conformismo” nos alunos. Ele sabe que a graduação não é tão ruim para receber 2, mas disse que assim, uma comissão do MEC irá ao curso levantar os problemas. Os alunos querem avaliação proposta da Associação de Educação Médica.
UNOESC, EM JOAÇABA
A instituição traçou um plano para futuras melhorias. Para que isso seja possível, os números estão sendo analisados por uma equipe multidisciplinar. Conforme o vice-reitor Acadêmico, Nelson Santos Machado, esta pontuação na avaliação foi recebida com naturalidade e não seria o reflexo da totalidade da situação. Ele acredita que outros elementos deveriam ser mais bem analisados, para formular este tipo de conceito. Um deles é o parecer do Conselho Estadual de Educação (CEE), que avaliou o curso em outubro de 2009 para emitir a certificação. Na época, a estrutura física e pedagógica da medicina recebeu nota 4,5, em uma máxima de 5 pontos. O curso passou a ser oferecido em 2004 na Unoesc de Joaçaba. Neste semestre, são 335 alunos matriculados. Até o mês de agosto, foram formados 70 médicos na instituição.
UNIPLAC, EM LAGES
O reitor da Uniplac, Elson Bastos, acredita que o resultado do MEC não condiz com a real qualidade e situação do curso em Lages, que, segundo ele, teve ótima avaliação em 2010, na visita feita por avaliadores de qualidade dos cursos universitários. De acordo com ele, todos, inclusive um representante do MEC, ficaram surpresos com a estrutura. O motivo da nota abaixo da média, segundo Bastos, é o descaso dos alunos que fazem Enade. O reitor afirma que os alunos não se empenham na hora de responder as questões, fazendo apenas por obrigação. Acadêmico do quarto ano de medicina e ex-presidente do Centro Acadêmico, Audie Nathaniel Momm, de 35 anos, concorda com o reitor. O aluno afirma que a Uniplac não deixa a desejar em termos de profissionais e laboratórios. Para ele, a avaliação negativa é motivo de boicote.
UNOCHAPECÓ, CHAPECÓ
A baixa nota foi atribuída ao baixo número de doutores, de horas dedicados ao curso e poucas publicações. O reitor da Unochapecó, Odilon Poli, disse que já há um cronograma para capacitar mais doutores. Ele informou que a instituição está estimulando, inclusive com auxílio financeiro, para ampliar este número. O coordenador do curso de Medicina, Marcelo Moreno, acrescentou que o curso é novo, vai formar a primeira turma no final do ano. Tanto o reitor, quanto o coordenador, afirmam que o resultado não representa risco para o curso, pois estão convictos de que ele irá melhorar nas próximas avaliações. A estudante Fernanda Dourado considera que a nota baixa vai ter reflexo positivo na capacitação dos professores, embora considere o corpo docente bom. Para a Natália Cardoso, que deixou um curso na Argentina, a infraestrutura é boa.