Semana Ousada de Artes: mais de cem espetáculos abertos ao público

Florianópolis será a capital da arte na última semana de novembro.  Um supercircuito de arte e cultura marcado pela ousadia vai tomar conta de diversos espaços culturais de Florianópolis e das cidades de Araranguá, Balneário Camboriú, Calmon, Chapecó, Curitibanos, Dionísio Cerqueira, Guarujá do Sul, Joinville, Lages, Laguna, Ibirama, Matos Costa, Palma Sola, Palmitos, Pinhalzinho e São Bento do Sul. A Semana Ousada de Artes UFSC-Udesc terá mais de cem espetáculos gratuitos e abertos ao público, sendo sete de dança, 13 de música, 25 de teatro, oito de cinema, um de moda, além de 13 exposições, seis palestras e 25 oficinas das mais variadas áreas artísticas, todas ainda com vagas, exceto a de fotografia (Fotografando o In-visível). As apresentações estão descentralizadas em mais de 40 espaços culturais pelo Estado, a maioria concentrada em Florianópolis.

Concentrados no Auditório Garapuvu do Centro de Cultura e Evento, os quatro maiores espetáculos tiveram seus ingressos distribuídos antecipadamente na quinta e sexta-feira. Além do espetáculo de abertura Sinfonia Terra, na terça, 22, às 21 horas, ocorre o Recital André Pires. A peça Oxigênio terá quatro apresentações, nos dias 24 e 25, as 19 e às 21 horas, enquanto a peça Dentro Fora está marcada para o dia 23 de novembro, às 21 horas. A secretária de Cultura e Arte da UFSC Maria Borges aconselha o público que quiser assistir essas quatro apresentações mais concorridas a chegar um pouco antes do horário marcado para conseguir os ingressos que sobraram da distribuição antecipada. Para os demais eventos da programação não será necessário retirar bilhetes de entrada. “Será um tributo à arte e à ousadia, com uma programação inteiramente gratuita que dá acesso ao grande público a espetáculos de qualidade”, convida a secretária.

Principais espetáculos

Sinfonia Terra – Abertura (aconteceu neta segunda, 21 de novembro)
Sob a regência do maestro Jeferson Della Rocca e do compositor/pianista/maestro Alberto Andrés Heller, a Camerata Florianópolis estreia pela segunda vez o comovente espetáculo Sinfonia Terra, recém criado pelo compositor Alberto Heller, com a participação do Polyphonia Khoros e solos da soprano Masami Ganev e do barítono Douglas Hahn. O espetáculo inclui Tzigane para violino e orquestra, de Ravel (com solo de WaleskaSieczkowska) e o Concerto para violoncelo e orquestra, de Elgar (com solo de Anderson Fiorelli), obras que exigem grande virtuosidade por parte do violinista e da orquestra.

O título “Terra” faz referência à questão ambiental, presente nos textos e poemas que integram a obra, que reverencia Goethe, William Blake, Alphonse de Lamartine, Dante, Issa, Basho, Shiki e Buson, cantados em seus idiomas originais (alemão, inglês, francês, italiano e japonês). Heller procura traduzir em sons a experiência de uma ecologia profunda, onde humano e não-humano, matéria e espírito, natureza e cultura se mesclam quase que indistintamente, de tal forma que a sustentabilidade do planeta aparece indissociavelmente ligada à nossa capacidade de entrar em harmonia e equilíbrio com os inúmeros sistemas que compõem o complexo vida. Segundo Heller, a obra é resultado de uma grande procura literária e musical de textos que levam ao cerne dessas questões da vida em torno das quais a contemporaneidade se debruça.

Recital André Pires – 22 de novembro, às 21 horas

O pianista, maestro, professor e pesquisador (arconte) André Pires apresenta o espetáculo musical Presciliano Silva e Francisco Valle: ousando a tradição, no qual toca (ao piano) e comenta peças desses dois compositores mineiros do século XIX que ele resgatou em sua tese de doutorado, defendida em junho último na Unirio. André Pires propõe associações entre as peculiaridades das duas obras e as diferentes tradições musicais em que ambos mergulharam. Ambos os compositores tiveram parte de sua formação no Rio de Janeiro, mas Silva estudou depois em Milão, e Valle em Paris.

Na abertura da tese, André comenta: “A música de Presciliano, operística ao gosto franco-italiano, perdeu espaço para a música romântica de viés germânico, quando da substituição do Império pela República em 1889d+ e a músicainternacionalista de Valle caiu no ostracismo após a instalação da hegemonia do pensamento nacional-modernista pós-1922”. Professor do Curso de Música da Universidade Federal de Juiz de Fora, André Pires é premiado como pianista e como regente de coros – tendo conquistado o título de melhor regente no Concurso Sudamericano de Interpretación Coral, na Argentina, em 2004.

No mesmo dia – às 10h da manhã, também no auditório Garapuvu, entrada franca – André oferece uma Oficina de Performance Musical a cantores e instrumentistas. Na primeira parte da Oficina (também ao piano) ele fala sobre a questão da exegese do texto musical, da relação partitura/performance. Na segunda parte, ouvirá e comentará performances de participantes, individuais ou em grupo. Com relação aos pianistas ele poderá abordar questões de ordem técnico-instrumental específicas.

Dentro Fora – 23 de novembro, às 21 horas

A peça Dentro Fora é uma homenagem a uma das mais famosas obras de Samuel Beckett, Dias Felizes. O espetáculo é uma metáfora sobre o ser humano contemporâneo. Conta o momento de duas personagens chamadas apenas Homem e Mulher, que se encontram presas dentro de duas caixas. A peça explicita a imobilidade do ser humano perante a vida.

Oxigênio – 24 e 25 de novembro, das 19 às 21horas

Com a encenação de “Oxigênio”, a companhia brasileira de teatro lança no Brasil a obra de Ivan Viripaev, completamente inédita no país. O trabalho do dramaturgo, nascido na Sibéria, tem forte identificação com o trabalho da companhia. “A musicalidade da palavra expressa no texto, a forma de se colocar diante do público e a revisão do teatro como forma de contato com a plateia são apenas alguns dos elementos que nos conquistaram”, conta o diretor Márcio Abreu. O texto trata de assuntos contemporâneos como violência, terrorismo, racionalidade, consumismo. “Discute tudo isso investigando sobre o que é essencial na existência”, completa.

Dirigida por Marcio Abreu, com Patrícia Kamis, Rodrigo Bolzan e Gabriel Schwartz, o Vadeco, responsável também pela música, a trama parte de um crime passional. Um homem, acusado pelo assassinato da própria mulher é condenado, juntamente com sua amante. A partir dessa fábula começa uma discussão, polêmica e poética, sobre dramas de uma geração e o que é o “oxigênio” de cada um. A peça estreou em dezembro de 2010 na sede da companhia brasileira de teatro em Curitiba.

ATENÇÃO:

Para mais informações e fotos sobre as peças acesse o site da IV Semana Ousada de Artes.
http://www.semanaousada.udesc.ufsc.br/
Principais locais de apresentação:

Cinema
Hall do Centro de Cultura e Eventos/UFSC.
Auditório da Reitoria – UFSC

Dança:
Hall do Centro de Cultura e Eventos/UFSC
Cearte/UDESC

Teatro:
Igrejinha da UFSC.
Concha Acústica/UFSC.
Auditório Garapuvu – Centro de Cultura e Eventos/UFSC

Música:
Auditório Garapuvu Centro de Cultura e Eventos/UFSC
Concha Acústica/UFSC – atividades todos os dias
Centro Cultural de Laguna.

Exposições:
Hall do Centro de Cultura e Eventos/UFSC
Sala Pitangueira Centro de Cultura e Eventos / UFSC.
Balneário Camboriú – CESFI – Centro de Convivência.

Oficinas:
Sala Laranjeira, Centro de Cultura e Eventos / UFSC.
Praça da Cidadania/UFSC.

Moda:
Pachá

Palestras:
Auditório Garapuvu – Centro de Cultura e Eventos/UFSC
Sala Goiabeira – Centro de Cultura e Eventos / UFSC
Auditório do Bloco Amarelo/UDESC