“Estamos com uma população maior do que a estrutura pode suportar”, reconhece diretor

O diretor geral do campus de Joinville, professor Acires Dias, reconhece alguns problemas, principalmente com a falta de estrutura física da unidade. Nessa entrevista ele fala sobre os planos da UFSC para um futuro próximo e sobre o projeto político pedagógico implantado no câmpus de Joinville.

Boletim – Como é a estrutura do cam­pus da UFSC em Joinville?

Acires Dias – Na área administrativa, a estrutura é composta por diretor geral, diretor administrativo e diretor acadê­mico. É uma estrutura muito enxuta e nós não temos departamentos, porque nosso projeto político pedagógico tra­balha várias especialidades da engenha­ria para pensar a questão da mobilidade. São sete áreas da engenharia que abor­dam isso. Então, tínhamos que trabalhar de uma forma integrada. É um projeto muito grande e optamos que todos os professores trabalhem num único grupo, de forma que os projetos possam acontecer de maneira mais fluente.

Boletim – O campus está localizado numa sede provisória. Como está a obra de cons­trução do campus próprio?

AD – Havíamos planejado ficar no campus da Univille, numa área alugada, até o final do ano passado, numa expectativa de termos nosso próprio campus, mas isso não ocorreu devido a vários problemas, desde ambientais até questões judiciais que ocorreram durante o processo, o que acabou prejudicando o início das obras. Hoje estamos com todas as questões judiciais resolvidas e trabalhando na terraplanagem e nossa meta é que o câmpus esteja pronto em março de 2013. Neste instante nós estamos com uma população maior do que a estrutura pode suportar. Estamos negociando o aluguel de outras áreas e já estamos com dois locais previstos em estudo.

Boletim – Quais seriam os pontos conceituais básicos que diferenciam o projeto do câmpus de Joinville do projeto dos demais centros da UFSC?

AD – Do ponto de vista administrativo, no câm­pus da UFSC, toda atividade de representação é conduzida pelo reitor ou pelos pró-reitores. Nestas cidades a UFSC é representada pelos diretores e há uma demanda muito grande. Então, esse é um trabalho que um diretor de câmpus faz a mais que um diretor de Centro. Outra atividade que a direção de um câmpus exerce são os trabalhos de estruturação, como se fosse uma pequena universidade. O outro aspecto que nos diferencia é o fato de não ter­mos departamentos e, por isso, temos grande mobilidade de trabalhar com os professores de diferentes especialidades e eu posso traba­lhar com transversalidade. Um outro aspecto que nos diferencia é a questão conceitual no ponto de vista pedagógico. No nosso campus separamos todos os conteúdos programáticos de cada disciplina numa parte teórica e numa parte prática. O que significa isso? O professor vai ensinar matrizes. A teoria de matrizes é dada a todos os alunos numa mesma sala. Os professores substitutos não trabalham com a parte teórica, ou seja, a teoria é dada por pro­fessores permanentes e a prática por professores substitutos.

 

Boletim – Porque essa diferença?

AD –– Essa diferença é que o professor subs­tituto é transitório e nos queremos que nossos alunos aprendam realmente a teoria. Porque a gente dividiu isso? Porque mesmo sendo a engenharia um conteúdo razoavelmente per­manente, ele tem sofrido modificações muito grandes ao longo do tempo, então a gente quer que a teoria seja elemento principal, tanto do ponto de visto do professor, quanto no ponto de vista do aluno. A gente acha que isso é uma inova­ção em termos de Brasil, em outros países eles já fazem isso. Mas para isso precisamos de espaço. Nossos projetistas estão planejando os pré­dios dentro desse projeto pedagógico

Boletim – Está em discussão na UFSC uma reestruturação do regimento da universidade. Com a vinda dos novos câmpus, surgi­ram novas realidades e demandas distintas às atuais vividas pela universidade como a conhecemos. Gostaríamos de saber um pouco mais sobre o regimento do câmpus de Joinville, que sabemos estar em processo de construção e discussão. Existiriam incompatibilidades com o Regimento da UFSC ?

AD – O regimento do câmpus de Joinville foi desenvolvido para sub­sidiar o projeto político pedagógico que está sendo implantado, que tem aqueles três vieses que nós não temos no câmpus da Trindade, no ponto de vista da es­trutura administrativa, da estrutura de ensino e do ponto de vista pedagógico. Nos não temos pré-requisitos nas disciplinas, a aprovação é por ciclo. Porque nosso desejo é formar profissionais projetistas, que pensem no futuro. De alguma maneira esse regimento vai impactar com o regimento geral da UFSC. Nós até tivemos por parte do presidente da Apufsc uma manifes­tação e uma preocupação sobre o nosso regi­mento e nos foi recomendado um especialista da área para fazer uma avaliação.

Uma vez que esse profissional entendeu nosso regimento, achou isso maravilhoso, deu algu­mas contribuições, mas achou que estava bem estruturado e agente ficou muito feliz, porque foi a primeira vez que ele foi avaliado por alguém de fora.

Boletim – O senhor defende a implantação desse projeto em toda a UFSC?

AD – Tem coisas que sim e tem coisas que não. O modelo de gestão é bem interessante. Do ponto de vista do ensino, nosso modelo é muito legal para a cabeça do aluno novo. Diferencia as questões teóricas das questões práticas. Acho que isso vai trazer atualização e flexibilidade, prepara o aluno para a vida.