Tenho acompanhado pressuroso, como toda a população o desenrolar do movimento grevista do magistério catarinense. Cogito sobre o conflito de opiniões a respeito de tal movimento cujo objetivo visa atender suas perenes e nunca cumpridas reivindicações. Todos, mas simplesmente todos, concordam que o ensino no Brasil é precário e somos também unânimes em admitir que os salários pagos aos professores são degradantes.
Concorda-se também que necessário se faz uma célere mudança, conquanto é inadmissível que um estudante da 4ª série do ensino fundamental, não saiba muitas vezes, interpretar qualquer texto por mais elementar que seja.
A maioria concorda que todos tem razão neste movimentod+ os professoresd+ alunosd+ pais dos alunos e o governo que alega nunca ter recursos para atender os reclamos.
Passados dois meses, começa-se a perceber uma incremental divergência, pois que o ideal maior – a melhoria do ensino, está aquém dos interesses pessoais e coletivos. Começa-se a contabilizar o prejuízo dos alunos. Seguem-se os interesses particulares dos pais…..filhos em casa….ano e férias perdidos, enfim mudanças incomodas em suas rotinas. O governo parte mais envolvida e responsável, surge com a incansável cantilena de sempre…… falta de verbas.
Na medida em que tais interesses são comprometidos a tolerância e a compreensão da população frente as aspirações grevistas passa a ser cada vez menos justificável e indesejável, não importando que até agora as justas exigências, sempre adiadas, não tenham sido atendidas. Vê-se claramente que não há um interesse para se resolver definitivamente a crise do magistério, pois a cada greve contorna-se, atendendo-se parcialmente suas pretensões e com isso protelando-se indelevelmente este grave problema.
Do que vale termos os alunos em aula com professores desmotivados, bem como um governo sem boas escolas? É esta a mensagem que a sociedade deve entender.Qual é a prioridade? É termos os filhos de volta às aulas, numa despreparada escola que se perpetua incansavelmente, ou decidimos parar de vez e arrumarmos a educação, para que, mesmo em perdendo um ano de atividade escolar, no próximo, tenhamos a certeza de que eles terão uma melhor qualidade de ensino.
Pois é tempo de pensarmos no ensino que queremos ter, custe o que custar.
Qualquer semelhança com o ensino na esfera federal não será mera coincidência.
* Daltro Halla
Professor aposentado do CCS