As atividades do Programa de Pós Graduação em Antropologia Social iniciaram em 1986, quando o mestrado em Antropologia foi criado. Mas os estudos antropológicos no estado de Santa Catarina começaram anos antes, em 1955, com a fundação da Faculdade de Catarinense de Filosofia. Na época, os estudantes dos cursos de História e Geografia frequentavam as disciplinas Antropologia Cultural, Etnografia Geral e do Brasil, Antropologia Cultural e Física.
Com a criação da Universidade Federal de Santa Catarina, em 1960, a Faculdade Catarinense de Filosofia passou a fazer parte da UFSC. Nesta época a biblioteca da faculdade contava com cerca de 15 livros relacionados à Antropologia Social. Em uma das palestras realizadas em comemoração ao aniversário do programa, a professora da USP Lux Vidal, docente convidada no início de instalação da Antropologia, relembrou que o acervo da universidade era pequeno e que trazia de ônibus, de São Paulo, o xerox das obras. Hoje a universidade tem mais de três mil livros e 6.591 exemplares específicos na área.
Como os estudos antropológicos sempre foram marcantes no estado catarinense com os trabalhos de pesquisadores como Franklin Cascaes, Jules Henry e Francisco Schaden, foi inaugurado em 1967 o Instituto de Antropologia. Seu idealizador, fundador e primeiro diretor, Osvaldo Rodrigues Cabral, proferiu um discurso em que ressaltou a importância da nova instituição. Era estratégico para assegurar a preservação do patrimônio arqueológico, garantir da defesa dos povos indígenas, além de formar recursos humanos.
Reabertura da Associação Brasileira de Antropologia
Em 1974, uma reunião histórica aconteceu em Florianópolis por iniciativa de jovens antropólogos da universidade. Este encontro, que reuniu cerca de 200 pessoas, contribuiu para a reabertura da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), fechada pelos militares durante a ditadura.
“A antropologia, nesse momento, era um espaço mais que estratégico para pensar o Brasil e seus contrastes”, relata o segundo diretor do instituto, Sílvio Coelho dos Santos, no livro História da Antropologia no Sul do Brasil. “Naquele momento, em plena ditadura militar, Florianópolis não chamava tanta atenção como São Paulo e Rio de Janeiro”, lembra a professora do Departamento de Antropologia Miriam Pillar Grossi, presidente da ABA até 2006.
Início da Pós-Graduação em Antropologia
Também em 1974 tentou-se criar na UFSC um curso de especialização em antropologia. A iniciativa foi concretizada dois anos depois. O mestrado em Ciências Sociais foi implantado em 1978, com as opções Sociologia e Antropologia. No entanto, apenas em 1985 a Pós-Graduação em Antropologia se desvinculou da Sociologia, com processo de seleção específico para cada um dos cursos. Dez anos depois foi criado o Departamento de Antropologia e em 1989 implantado o doutorado. Desde 1978 foram formados 247 mestres e 54 doutores em Antropologia, que atuam em instituições de ensino e pesquisa em todas as regiões do Brasil e em países da América do Sul.
Pesquisas teóricas e aplicadas
O Departamento de Antropologia faz parte do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, assim como o Laboratório de Antropologia, que desde 1993 congrega 11 núcleos de pesquisa da pós-graduação. “Este é o espaço onde as pesquisas se desenvolvem, onde acontece o fazer da antropologia. Enquanto na sala de aula o aprendizado é mais teórico, no laboratório a formação se completa”, considera a coordenadora do programa Antonella Tassinari.
Entre os núcleos estão o Laboratório de Estudos das Violências (LEVIS), o Núcleo de Antropologia Audiovisual e Estudos da Imagem (NAVI) e o Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades, que desenvolve pesquisas relacionadas aos estudos de gênero, a violência e a sexualidade.
Criado em 1996, o LEVIS atua em convênio com a Secretaria de Estado de Segurança Pública desde 2002. Desenvolveu também o projeto de criação do Instituto de Pesquisa e Estudos em Segurança Pública (IPESP), além de ser responsável pela produção de indicadores sociais na área e atuar ativamente no debate sobre Direitos Humanos em Santa Catarina. O NAVI representa um aprofundamento dos estudos “de” e “com” imagens. O núcleo foi criado em 1998, apesar de articular suas pesquisas na universidade desde 1994. Além de receber em 2002 o prêmio Verger da ABA de Contribuição à História da Antropologia e manter entre 2000 e 2008 o projeto Cinema BR em Movimento, que levou filmes e promoveu debates em comunidades carentes e universidades com o patrocínio da Petrobrás, o NAVI participa atualmente da Oficina de Imagem, no Morro da Serrinha.
“Todos os núcleos são importantes para o PPGAS e suas áreas de pesquisa geram impacto positivo na sociedade”, comemora a coordenadora da Pós-Graduação em Antropologia, programa membro da Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS). Seus professores mantêm intercâmbio com universidades no Canadá, França, Angola, Argentina e Portugal. A Pós-Graduação da UFSC neste campo está entre as sete melhores do Brasil, com conceito 5 na Capes, e chegou a ser indicada ao conceito 6 até a penúltima fase de avaliação no triênio repassado.
Outra conquista do programa é a criação do Instituto Nacional de pesquisa Brasil Plural, estruturado a partir de uma rede de pesquisadores da UFSC e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), com apoio do CNPq e Fapesc. Para a coordenadora do PPGAS, os avanços são resultado do trabalho conjunto. “Tanto o programa de pós-graduação quanto o Laboratório de Antropologia Social possuem o mesmo objetivo: colocar os nossos estudos a serviço da comunidade”.
Saiba Mais:
Núcleos de Pesquisa:
· A-funda- Núcleo de Pesquisa em Fundamentos da Antropologia
· Grupo de Estudos em Oralidade e Performance (GESTO)
· Laboratório (Núcleo) de estudos das Violências (LEVIS)
· Núcleo de Arte, Cultura e Sociedade na América Latina e caribe (MUSA)
· Núcleo de Antropologia Audiovisual e Estudos da Imagem (NAUI)
· Núcleo de Estudos de Populações Indígenas (NEPI)
· Núcleo de Estudos de Saberes e Saúde Indígena (NESSI)
· Núcleo de Identidade de Gênero e Subjetividades (NIGS)
· Núcleo de Estudos sobre Identidade e Relações Interétnicas (NUER)
· Núcleo de Antropologia do Contemporâneo (TRANSES)
Mais informações: www.antropologia.ufsc.br/ppgas / (48) 3721- 9714