A greve do magistério na rede estadual, que hoje completa 24 dias, continua sem previsão para terminar. As três propostas apresentadas pelo governo foram rejeitadas, por unanimidade, na assembleia estadual que reuniu, ontem, em Florianópolis, cerca de 14 mil pessoas, segundo cálculos do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte). A Polícia Militar calculou cerca de 5 mil professores. Uma contraproposta, aprovada por todos os manifestantes, foi entregue ao governo, que recebe os professores, hoje, para dar uma resposta.
Os professores não aceitam perder os valores da regência da classe, uma gratificação que vale 40% sobre o salário-base para professores do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, e de 25% para docentes do 6º ao 9º ano do fundamental e do ensino médio. Eles ainda querem que o reajuste dado ao professor com ensino médio, que passou de R$ 609 para R$ 1.187 (94%), seja repassado para todos os 12 níveis (médio a doutorado), respeitando a progressão de 8,48% entre eles. Não foi calculado o impacto financeiro da proposta.
Para chegar a esse percentual de aumento, a contraproposta sugeriu que o reajuste fosse parcelado em seis vezes até dezembro. O primeiro aumento, de 4,9%, já passaria a valer neste mês, porque faz referência a abril, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou legal a lei nacional o piso (ver quadro). Nesta proposta, entregue ao secretário-adjunto de Educação, Eduardo Deschamps, após a assembleia, eles mantêm os valores da regência de classe.
– O governo precisa entender que os professores não aceitam perdas de direito, por isso não aceitam a mudança dos valores da regência nem da tabela atual. Isso ficou bem claro nesta assembleia, que só mostrou que o nosso movimento está mais forte – ressaltou a coordenadora estadual do Sinte, Alvete Bedin.
Como no último encontro, os professores fizeram uma passeata pelas ruas do Centro, saindo da Passarela Nego Quirido e indo até o Terminal de Integração do Centro (Ticen). Dessa vez, não houve confusão com a PM, que auxiliou no trânsito.
O impacto da proposta apresentada pelo Sinte foi calculado ainda ontem por técnicos do governo. O resultado será apresentado hoje, em novo encontro na sede da Secretaria de Educação. O secretário-adjunto adiantou que é praticamente impossível chegar à última tabela, mesmo em dezembro deste ano, ou no próximo, porque o impacto seria de cerca de R$ 100 milhões por mês.
Ele também afirmou que é muito difícil manter os índices atuais da regência, porque aumentaria os gastos mensais em cerca de R$ 37 milhões. O limite do governo era de R$ 20 milhões, e já chegou a R$ 22 milhões.
– Já fizemos todos os estudos possíveis, não restou nenhum que mostre que dá para manter a regência – observou o secretário