Falta de Segurança no campus preocupa comunidade universitária

A falta de segurança dentro do campus é uma das principais preocupações de professores, alunos e funcionários da UFSC. Não são raras as notícias de furtos, arrombamentos de veículos, trafico de drogas, entre outras ocorrências que assustam a comunidade universitária. Com os acessos ao campus completamente desprotegidos, o próprio Departamento de Segurança Física e Patrimonial (DESEG) reconhece que fica difícil o controle de quem entra e sai da Universidade. No levantamento feito pelo DESEG, nos últimos oito anos foram registradas 1.723 ocorrências.

 

Os casos envolvem desde furtos de bolsas e carteiras e ao patrimônio, roubos de veículos e motos e até assaltos a mão armada. No período, foram registradas 980 ocorrências somente relacionadas a algum tipo de roubo, sendo 122 furtos de veículos. E o mais grave, foram 38 assaltos a mão armada, três seqüestros e apreensão de 43 armas brancas e três armas de fogo. Também há registros de ameaças, agressões, apreensão e tráfico de drogas, tentativas de abuso sexual e estelionato. Nem as instalações da Universidade escapam da ação dos bandidos, com 105 casos de arrombamentos.

O analista administrativo do INEP, Diogo Duarte Luiz, foi uma das vítimas da falta de segurança no campus. No final do ano passado ele sofreu uma tentativa de assalto a mão armada próximo a Biblioteca Central. O bandido sacou o revolver e pediu a ele que entregasse todos os objetos de valor. Como não encontrou nada que o interessava, o marginal acabou desistindo do assalto e saiu correndo. A tentativa ocorreu por volta da 07h20. Como não teve nada roubado, Diogo resolveu não registrar Boletim de Ocorrência, mas reclama que no momento não encontrou nenhum vigia nas guaritas próximas da Biblioteca. “Falta muita segurança no campus”, reclama ele.

 

Para o coordenador do DESEG, Leandro Luiz de Oliveira,  o número de ocorrências vem diminuindo a cada ano. Segundo ele, os investimentos em equipamentos e pessoal têm inibido a ação dos criminosos. “Para se ter uma idéia o furto de veículos, por exemplo, diminuiu muito nos últimos anos. Em 2004 foram registrados 33 casos, já no ano passado esse número ficou em zero”, afirma Oliveira.

 

Hoje o campus da UFSC da Trindade conta com 150 vigilantes. De acordo com o DESEG todos os prédios contam um profissional de segurança 24 horas, além da instalação de 1.104 câmaras de monitoramento. Uma central foi instalada no Departamento, que acompanha toda a movimentação do campus. Além disso, 4.500 salas estão protegidas com alarmes. “Nossa maior fragilidade é o campus estar completamente aberto. A sugestão é de que ele seja cercado e com guaritas nos três acessos. Assim, poderíamos controlar quem entra e quem sai da Universidade”, destaca o coordenador, acrescentando que nos campi de Joinville, Araranguá e Curitibanos esse controle é mais eficaz por que os prédios já são cercados. Segundo ele, na Trindade é comum a presença de menores infratores rondando as imediações procurando oportunidade para cometer algum tipo de delito. Nos últimos anos, 131 menores foram apreendidos e encaminhados ao Programa de Abordagem de Rua da Prefeitura de Florianópolis e outros 312 maiores de idade foram detidos cometendo algum tipo de crime.

 

Ocorrências aumentam nos dias de festas

 

A grande preocupação do DESEG é com os dias de festas no campus. Segundo Oliveira, nestes dias o número de ocorrência aumenta muito, principalmente com arrombamento de veículos. “Não tem mais condições, a UFSC e os próprios organizadores perderam o controle. Tem festa que o número de participantes passa de 10 mil pessoas e controlar uma multidão desta é complicado”, reconhece ele.

 

Não é só o DESEG que está preocupado com as festas. No grupo de discussão de professores da UFSC na internet, é unânime a crítica em relação a estes eventos.  Segundo eles, as normas estão sendo desobedecidas e as festas têm prejudicado a segurança no campus. Brigas, arrombamentos de veículos, trafico de drogas são ocorrências comuns nesses dias. Os arrombamentos em veículos, por exemplo, aumentam 80% nesses dias.  A critica é compartilhada pelo coordenador Oliveira.

 

De acordo com uma Resolução do Conselho Universitário (Cun), os organizadores das festas são responsáveis pela segurança, que precisam contratar empresas especializadas para o evento. O problema é que geralmente o número de profissionais contratados não é suficiente para garantir a segurança dos presentes, já que na maioria das vezes o número de participantes é maior do que o previsto pelos organizadores. Existem até comunidades nas redes sociais especializadas na divulgação de festas na UFSC.

 

 Tanto professores, como o próprio DESEG, acreditam que a melhor forma para minimizar os problemas é a revisão da resolução do Cun, criando normas mais seguras para a realização de eventos nas dependências da UFSC.