Os baixos salários e as más condições de trabalho contribuem para a fuga de estudantes das licenciaturas brasileiras. Em 2005, 77 mil pessoas pegaram o diploma para dar aulas no ensino fundamental e médio. Em 2009, o número caiu para 64 mil. Os dados são do último Censo de Ensino Superior do Ministério da Educação (MEC).
No vestibular 2011 da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sobraram vagas nas licenciaturas de química, matemática e física.
– Desde que o curso de licenciatura em química foi criado (em 2008), ele não conseguiu preencher todas as 40 vagas – diz o presidente da Coperve, Júlio Szeremeta.
Szeremeta acrescenta que o curso foi criado pela carência desses professores no Estado. A Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS), com sede em Chapecó, também foi criada para suprir a necessidade de licenciaturas.
Esta situação é acompanhada de perto por Eloise Hack Barbi, 20 anos, estudante da sétima fase de licenciatura em Educação Física da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). A turma dela tem sete estudantes. Ela conta, que, na quarta fase, quando precisou optar entre licenciatura e bacharel, só ela e mais duas meninas escolheram ser professora.
Eloise conhece a realidade de um professor. A mãe é docente da rede estadual há 20 anos. Mesmo assim, a garota está certa da opção:
– Eu acredito num futuro melhor. A gente escolhe por vocação e sonha com mudanças.
Procuram-se professores no Estado e no Brasil
O resultado é que faltam professores no país. A carência é de 250 mil docentes. O levantamento é do Conselho Nacional de Educação e do Instituto Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), com dados de 2007.
Essa também é a realidade de Santa Catarina. A diretora de desenvolvimento humano da Secretaria de Educação, Elizete Mello, não sabe precisar quantos, mas afirma que existe uma carência. A área de exatas é a que mais tem demanda. Apesar disso, ela garante que não faltam docentes nos colégios. O Estado tem 17,2 mil professores em sala de aula.
Já a coordenadora geral do Sinte, Alvete Bedin, afirma que recebe denúncias de turmas sem professores. Na escola estadual Tenente Almachio, no Bairro Tapera, em Florianópolis, uma classe ficou o ano inteiro de 2010 sem aula de geografia, por não ter professor.
– É preocupante saber que temos menos de 18 mil professores. Esse número já foi de 25 mil – informa Alvete.