O logotipo mudou. Antes, com letras maiúsculas, mais pesadas, o livro em traços rupestres parecia espremido entre as palavras, com dois leves traços como anteparo. Agora, a mesma gravura recebe, à sua direita, as palavras “editora ufsc”, em caixa baixa mesmo. É o sinal mais simples e categórico de que algo mudou na editora da principal universidade Santa Catarina.
As mudanças não são apenas estéticas. Pontuam um momento especial da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que chega, em 2010, aos seus 50 anos. Exercendo a função de diretor da editora desde março, o professor Sérgio Luiz Rodrigues Medeiros explica que a meta é ambiciosa, mas possível: elevar a editora a uma das mais importantes do país dentre as mantidas por universidades.
A criação da Liga das Editoras Universitárias (LEU) em fevereiro, após racha na Associação Brasileira de Editoras Universitárias (Abeu), também serviu como combustível para o novo voo da EdUFSC. Além da catarinense, a LEU abriga editoras da USP, Unicamp, universidades federais de São Paulo (Unifesp), de Minas Gerais (UFMG), de Brasília (UnB) e do Pará (UFPA), além da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. Existem mais de cem editoras universitárias no país, e o setor está em crescimento. A LEU, criada de maneira informal, aposta em maior parceria e agilidade para suas fundadoras – todas públicas.
– A aposta é na excelência interna, e viabilizar parcerias no Estado e fora. Isso tem que transparecer primeiro no próprio acabamento dos livros, com a reforma do projeto gráfico – explica Sérgio Medeiros.
O primeiro lançamento a trazer a “nova cara” da editora – que Medeiros classifica como “de transição” – foi Poesia Herege, do poeta Evaristo Carriego. Clássico da literatura argentina, o trabalho teve organização e tradução de Claudio Cruz e Liliana Reales. Mas é Divagações, de Stéphane Mallarmé, aquele a trazer todas as características do novo projeto visual. “Inicia o projeto de reformulação editorial da Editora da UFSC”, como destaca o cabeçalho técnico impresso na antepenúltima folha do livro. A capa e a editoração das novas publicações são de Fernanda do Canto.
Divagações tem tradução e apresentação de Fernando Scheibe, que realizou o projeto como pós-doutorando em Educação na Unicamp. Medeiros interessou-se pela ideia quando ainda estava nas fases iniciais. Disse ao tradutor que, concluído o livro, o ajudaria a encontrar um editor. Quando assumiu a direção da Editora, não teve dúvidas: o carro-chefe da renovada editora, um lançamento inédito no Brasil, seria o trabalho de Fernando Scheibe.
A nova fase promete muita qualidade para os próximos meses. Estão previstas traduções inéditas e arranjos novos de ensaios de Jean-Luc Nancy, Linda Hutcheon, Pierre Bourdieu, León Portilla, Mario Perniola, entre outros nomes internacionais que cederam direitos autorais para a editora catarinense. Mês que vem, serão lançados os dois volumes de Ensaios críticos, de Rogério Sganzerla, projeto que recebe especial atenção do diretor da editora da UFSC.
– Sganzerla representou para Santa Catarina no século passado o que Cruz e Sousa representou no século 19 – afirma o editor.
Todos os próximos livros vão seguir o padrão de Divagações: qualidade de edição, capa, revisão e diagramação impecável – em papel pólen e paginação vertical.