No próximo dia 1º de junho, terça-feira, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina vai julgar recurso no processo contra o médico suspeito de ter causado a morte da professora Delta Maria de Souza Maia. Ela morreu na sala de cirurgia do Hospital Santa Inês, em Balneário Camboriú, no dia 27 de setembro de 2006. O médico que a operou está sendo acusado pelo Ministério Público de homicídio culposo e foi absolvido em primeira instância.
Delta foi a primeira indígena a concluir mestrado na UFSC e em Santa Catarina. Quando morreu, estava fazendo doutorado e era professora da UFSC desde 1995, no Colégio Agrícola de Camboriu, onde lecionava História para os alunos do ensino médio. A trajetória incomum começou na aldeia wapixana da Serra da Moça, em Roraima, onde Delta nasceu. Aos 15 anos, terminou a quarta série e deixou a aldeia para continuar estudando. Foi para Boa Vista, capital do Estado, onde fez o ensino médio, magistério e se graduou em História, pela Universidade Federal de Roraima.
Da floresta à academia, foram mais de 30 anos dedicados a estudos que revelavam a ligação afetiva que mantinha com seu povo. Delta estudou os hábitos, ritos e tradições da sua aldeia de origem e defendeu, no dia 28 de março de 2001, a dissertação “Os wapixana da Serra da Moça: entre o uso e o desuso das práticas cotidianas (1930/1990)”. A pesquisa do doutorado também era ligada à história dos wapixana.