Técnico-administrativos continuam em greve na UnB

O fim da greve dos professores não abalou o movimento dos funcionários técnico-administrativos da UnB. Na maior assembleia da categoria realizada desde o início da luta contra o corte salarial, em 9 de março, cerca de 500 servidores aprovaram a continuidade da paralisação. Apenas uma pessoa votou contra.

Categoria espera conseguir liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), assegurando o pagamento da URP, até a próxima quinta-feira, quando volta a discutir os rumos da greve.

A assembleia começou tensa. De um lado, estudantes, professores e técnicos classificaram a saída dos docentes como “precipitada” (leia mais aqui) e apoiaram a continuidade do movimento, ainda sem vitória para os técnicos. Do outro, um grupo menor defendia a saída com base nos alertas da Advocacia-Geral da União (AGU), que ameaça pedir a ilegalidade da paralisação, com aplicação de multa diária e  corte do ponto em caso de descumprimento.

Servidora da UnB há 20 anos, mãe de cinco filhos e moradora do Paranoá, Socorro Oliveira defendeu a justiça da luta dos técnicos. “Podemos até ser declarados ilegais, mas temos consciência de que a nossa luta contra o corte dos salários é justa”. Antônio Guedes, coordenador–geral do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub), reforçou a posição. “O momento não é de retorno ao trabalho, mas, sim, de fortalecimento do movimento”.

Já o servidor da Biblioteca Central (BCE) Fred Mourão destacou que a universidade não vive só de professores. “Sofremos um golpe por parte dos mais conservadores, que nos abandonaram. Mas não somos um zero à esquerda e vamos mostra a relevância de nosso papel”. Sem os técnicos, serviços essenciais, como o Restaurante Universitário (RU), a BCE, parte do Hospital Universitário (HUB) e as secretarias das unidades acadêmicas – responsáveis pelo registro dos estudantes – não funcionam.

STF

Só há uma condição para que os cerca de 3 mil técnicos da UnB voltem às atividades: uma liminar do STF – tal qual a conseguida pelos professores – que garanta o pagamento da URP até o julgamento do mérito. Presente na assembleia, o advogado do Sintfub, Valmir Floriano, prometeu dar entrada no Supremo ainda nesta terça-feira. “Vamos despachar com a ministra Carmem Lúcia para que recebamos o mesmo tratamento dado aos professores”, afirmou.

Criticado pela lentidão na solução do problema, Valmir disse que deve ter uma resposta do STF nas próximas 48h. “A petição inicial já está pronta e inclui os servidores que não estavam na ação do TRF (que diz respeito a 204 servidores). Vamos alegar que a natureza da causa é a mesma e que, assim como os docentes, também temos o respaldo do Superior Tribunal de Justiça”, defendeu. O advogado deve prestar novos esclarecimentos na assembleia de quinta.

Próximos passos

Os grevistas aprovaram a elaboração de uma nota à comunidade explicando os motivos da manutenção da greve, bem como a publicação de informes em jornais da cidade. A cobrança do apoio formal da administração à causa também passou pelo crivo dos funcionários. Houve ainda quem defendesse a radicalização do movimento. “Se tivermos uma resposta negativa do STF, temos que parar pontos estratégicos da UnB, como o CPD (Centro de Informática)”, defendeu o servidor Marco Lopes, que teve o apoio da assembleia.