O ex-secretário de Turismo da Capital Mário Cavalazzi não quer entrar para a história como o único culpado pelo cancelamento do show de Andrea Bocelli em Florianópolis. Citado, junto com ex-assessores da Secretaria em uma ação movida pela prefeitura, ele assegura que as negociações para contratação do tenor italiano para cantar na festa de final de ano na Capital eram conhecidas pelo prefeito e pelo governador do Estado.
Em entrevista ao colunista do DC Roberto Azevedo, Cavalazzi disse considerar que a ação proposta pela prefeitura não tem lógica. O ex-secretário afirmou que o procedimento foi legal. A negociação viabilizou o repasse de R$ 2,5 milhões pelo Estado à Secretaria de Turismo de Florianópolis para pagamento das primeiras parcelas do show.
O juiz Luiz Antônio Fornerolli, que analisa a ação, decidiu ontem dar 10 dias para a prefeitura apresentar novos documentos. Ele quer a papelada que justifica a dispensa de licitação para contratar a empresa Beyondpar, que traria Bocelli. Se os documentos não forem apresentados o juiz deve descartar a ação, que pede de Cavalazzi e assessores a devolução de R$ 2,5 milhões já pagos pelo show que não aconteceu.
Um dos documentos que não está anexado ao processo é o comprovante de que a Beyondpar tem exclusividade para contratar o tenor italiano no Brasil. Isso é um dos requisitos que dispensaria o município de abrir licitação. O procurador-geral do Município, Jaime de Souza, desconhece a existência deste documento. E diz que o que a prefeitura tem sobre o caso já está na ação.
Outro citado na ação, o secretário-adjunto na época, Aloísio Machado Filho, disse que, por orientação do advogado, só falará sobre o caso na Justiça. A ex-assessora jurídica da secretaria de Turismo liderada por Cavalazzi, Daniela Secco, também citada na ação, não falou com a reportagem.
No Ministério Público do Estado, o Caso Bocelli está sob investigação na Promotoria da Moralidade da Capital, que não quer falar por enquanto.
Na segunda-feira, a Beyondpar garantiu que o show não foi realizado porque a prefeitura cancelou e que está disponível para negociar novas datas.
O dinheiro foi pago em três parcelas. A primeira, de R$ 200 mil, em setembrod+ a segunda, de R$ 800 mil, em outubrod+ e a terceira, de R$ 1, 5 milhão, em novembro. Os R$ 500 mil restantes previstos no contrato seriam pagos no dia do show.
Desde o começo
– Após um dezembro polêmico por causa da instalação de uma árvore de Natal no valor de R$ 3, 7 milhões na Beira-Mar Norte, a discussão em Florianópolis passou a ser o cancelamento do show de Andrea Bocelli, marcado para o dia 28 daquele mês.
– A contratação do tenor virou motivo de investigação preliminar do Ministério Público de Santa Catarina, que ainda não se manifestou sobre o caso.
– A prefeitura alegou que o show foi cancelado porque a estrutura de palco que acompanhava a árvore de Natal foi desmontada e não haveria mais como o tenor se apresentar no local.
– Uma das questões discutidas no caso é o valor de R$ 3 milhões para a apresentação. Outra é a legalidade do contrato firmado pela prefeitura e a empresa Beyondpar.
– A Beyondpar também está ligada à questão da árvore de Natal. Teria sido a empresa responsável pela tecnologia que permitia às pessoas enviarem fotos que seriam exibidas no enfeite.
– No dia 12 de fevereiro, a prefeitura moveu ação de reparação de dano, solicitando a devolução dos R$ 2,5 milhões e responsabilizando Mario Cavalazzi e sua equipe à época na secretaria.
– Ontem, o juiz Luiz Antônio Fornerolli pediu novos documentos para seguir analisando a ação.