Ecoando a manifestação do colega Paulo Cesar Philippi no último Boletim da Apufsc, gostaria de relatar a situação angustiante porque passei recentemente ao também buscar tratamento no Núcleo de Atendimento à Saúde (NAS) da Unimed.
Minha mãe, de 90 anos de idade, ao raspar o braço na aresta de uma porta ficou com um ferimento exposto. Imediatamente levei-a ao NAS onde, após cerca de 30 minutos, foi atendida, medicada e seu ferimento recebeu curativo que deveria ser trocado todos os dias até a cicatrização do local.
Aí começou o pesadelo. No dia seguinte lá estávamos nós para troca do curativo, a ser feita pela enfermagem do NAS – tempo de espera de meia hora para um curativo de 5 minutos. No próximo dia, esperamos 40 minutos, no seguinte uma hora e no quarto dia, pasmem, duas horas e meia – sim, duas horas e meia aguardando na sala de espera praticamente lotada.
Neste ínterim reclamei várias vezes para as pobres atendentes, preenchi três fichas de reclamação, liguei para o 0800, e nada. Só fomos atendidas naquele dia após sentirem-se constrangidos por minha, agora insistente, reclamação, sendo que minha mãe chegou a ter uma arritmia na sala de espera. Ao falar, finalmente, com um médico e com a enfermagem, alertei que, ao invés de uma urgência – dada à idade e a seu sangue muito fino- eles teriam em mãos uma emergência.
Graças ao familiar de outra paciente, agoniado com nossa situação, fiquei sabendo que poderia solicitar atendimento em domicílio pela adiantada idade de minha mãe, o que fiz imediatamente por telefone.
Neste primeiro contato, me foi perguntado como eu havia tomado conhecimento do serviço de atendimento domiciliar (como se fosse algo secreto ou escuso), e dito que teria que levá-la ao NAS para uma nova avaliação médica, desta vez pelo tal setor – duas piadas, no mínimo. Esclareci à pessoa do tal home care que já havia sido feita uma avaliação médica e que não estava interessada se aquele setor era ou não o mesmo que havia dificultado seu tratamento (afinal eu estava lidando com uma única Unimed). Ainda, que não se tratava de impossibilidade de levar minha mãe diariamente para curativo, mas sim da incompetência deles em atendê-la em tempo digno e condizente com sua saúde e idade, como garantido pelo Estatuto do Idoso.
Aí tudo mudou. Recebemos em casa uma equipe de médico, enfermeira e outra pessoa daquele setor que avaliaram o estado de minha mãe e concordaram que preenchia os requisitos para o tal atendimento. E, para minha surpresa, também mudou o tratamento, agora com a aplicação de um curativo de prata que acelera em muito a cicatrização e que não requer atenção diária… Após esta triagem e atendimento, continuei levando minha mãe diariamente ao NAS onde passou a ser atendida – imediatamente – sempre pela enfermagem do atendimento domiciliar… Graças à perícia daquela enfermeira (Marizete) e à troca do tratamento, após duas semanas o ferimento cicatrizou e está tudo bem.
Mas me pergunto, será que a equipe do NAS, de apenas um médico e dois enfermeiros de plantão, é suficiente para atender à demanda de toda grande Florianópolis, sempre crescente quer pelo aumento do número de associados, quer pelo serviço cada vez mais sucateado de nosso setor de saúde pública? Por que o tal curativo de prata não foi usado desde o início uma vez que a paciente era tão idosa e toma AAs para afinar o sangue a fim de evitar acidentes cardiovasculares – por imperícia ou pelo custo mais alto? Será que a sala de espera (onde, “por acaso”, como nos bancos, não há relógio) sempre cheia e a demora no atendimento que presenciei durante duas semanas não são um indicativo suficiente de que a equipe contratada está sobrecarregada e a qualidade do atendimento comprometida? Quem sabe valeria mais a pena investir menos em propaganda (home care e outros anglicismos a parte) e mais em efetivo atendimento?
Sempre elogiei a Unimed, mas agora tenho sérias dúvidas, o ocorrido com o colega Philippi e com minha mãe demonstram a queda na qualidade do atendimento e o risco que todos corremos ao recorrer ao plano que pagamos.