Nasceu uma Nova, porque diferente, Apufsc. Nasceu das cinzas da indiferença, da arrogância e do aparelhismo. Do assembleismo que subjugava a entidade ao controle de meia-dúzias eternas. Da falta de transparência. Do desamor ou falta de amor por nossas causas ditas comezinhas. Do fundamentalismo cego fundado sobre dogmas deslocados na história. De uma esquerda que se vê esquerda, mas com as mãos e os pés mergulhados no fascismo e no autoritarismo. Uma esquerda no discurso, mas direita no método. Que alijou o professor de suas decisões, em assembléias de braços levantados e de amantes do discurso, que chamavam discussão. Palcos de manobras para evitar a vontade de maioria. Que afastou este professor de sua entidade, mantendo-o em vínculo apenas por suas questões trabalhistas e seu plano de saúde. Que ficou sem entender este professor que mudava. Que acabou sem querer entendê-lo, entocada numa Andes cada vez mais vazia e distante no tempo. Sonhando em transformar a universidade numa das principais trincheiras para a internacionalização da luta pela derrocada do capitalismo, usando para isso a contribuição sindical do professor que, agora, importava não ouvir. Acabou virando um partido, com objetivos de partido e métodos de partido. Como muito se faz neste país, manteve-se sindicato para assegurar os seus recursos e alimentar a CUT (e o PT) e depois a Conlutas (e o PSOL e o PSTU), mas, quando não abandonou, tratou as mesas de negociações com a incompetência de quem não sabe e não quer saber de ser sindicato.
Nasceu uma Nova, porque reconstruída por suas bases, Apufsc. Que sem querer reinventar a roda (ou rodar), considera que nossas causas são, quase sempre, só nossas, ainda que parte de uma batalha por uma sociedade mais justa e igualitária. Que sem querer cair na vala comum da utopia da revolução socialista construída sobre o sindicalismo de massas (que teve o seu lugar na história, mas que ficou por lá), considera as suas funções de ensino, pesquisa e extensão e a sua atividade de produção do conhecimento como os princípios vitais para o desenvolvimento da sociedade brasileira. Que sabe-se específica e única e quer lutar por esta especificidade. Que sabe-se entidade do Estado (e não de governos) com profundas relações com esta sociedade, o seu único patrão. Da qual depende e com a qual precisa aprofundar as suas alianças, para impor aos governos a Educação como atribuição do Estado. Que reconhece a importância da Universidade e da busca do aperfeiçoamento de cada docente, eterno estudante em busca do novo acadêmico, do ideário filosófico, da descoberta científica, do desenvolvimento tecnológico, da novidade no pensar. Que sabe-se parte de uma nação com profundas e belas raízes culturais que precisam ser cultivadas para mantermo-nos soberanos de nossos destinos e orgulhosos de nosso passado.
Nasceu uma Nova Apufsc por decisão de uma assembléia, nunca antes tão grande em toda a história do Movimento Docente no Brasil, quando 1040 professores decidiram a desvinculação da Apufsc à Andes e a constituição de um Sindicato Autônomo: a Apufsc-Sindical. Que deixou de ser uma Seção Sindical e virou um Sindicato, gritando por sua alforria de uma Andes que há muitos anos nos impunha o descontentamento. Nasceu sem querer brigar com ninguém. Apenas deixar de ser uma parte e virar um todo. Do lado de lá, entocaram-se os inconformados com a perda do aparelho. Fundaram um Clube de Amigos e em sua arrogância costumeira pretendem preservar o nome “Apufsc” como se nada tivesse acontecido. Nada a estranhar. Como um hábito de longos anos, não querem saber da opinião das bases. Como de hábito, mantém o seu ideário fundamentalista, e como fascistas no método, não aceitam uma decisão ampla (nunca antes tão ampla) e democrática (nunca antes tão democrática), apoiando-se sobre teses contraditórias e sem amparo nas leis. Entocaram-se lá onde só encontram os amigos, alguns deles que só foram para lá por serem amigos, sem muito pensar. Rasgaram um papel que segundo suas teses seria o seu regimento e constituiram-se num nada sob o guarda-chuva de uma regional sul daqui, numa convocação exclusiva para os que pensam igual.
Nasceu uma Nova Apufsc pela vontade dos professores, os da ativa e os aposentados.
Olhando para trás, temos a certeza de que estivemos, como Diretoria, não à frente de todas as grandes transformações pelas quais passou a Apufsc, mas a reboque da vontade dos associados e professores da UFSC. Nossos associados, em um processo que seguiu todos os ritos da democracia e das leis expressas em nosso regimento, decidiram que preferem organizar-se em um Sindicato Autônomo e não em uma SSind da Andes. O papel da Diretoria neste processo foi o de procurar o apoio e a segurança jurídica necessários para este passo. Nosso estatuto de fundação de 1975 deu à Apufsc uma personalidade jurídica própria, proibindo a sua fusão com outras entidades e isto significa que a partir de 1990 nos credenciamos como Seção Sindical da Andes, e que abdicamos desta condição em 29 de outubro de 2009, por decisão dos associados numa assembléia de início de primavera.
Nosso poder, como Diretoria, é obediencial e continuaremos a reboque de nossas bases, agindo onde for preciso para assegurar o direito dos professores a uma entidade que os represente e que os proteja em seus interesses.
Concluindo, desejamos aos professores nossas saudações e os votos de boas festas e merecido repouso com muitas alegrias neste final de ano.
A Diretoria