O ciclo de crescimento econômico antes da crise serviu para reavivar o interesse dos estudantes pela área de engenharia. Isso pode ser constatado em diversas universidades. A Unicamp, por exemplo, registra um aumento de demanda pelos seus cursos nos últimos dois anos. A Fuvest, que organiza o vestibular mais concorrido do país, com vagas nas unidades da USP na capital paulista e no interior, também detectou a mesma tendência.
Na Fuvest, diga-se, o movimento segue na contramão das demais carreiras. O vestibular deste ano teve 138.242 inscritos, o menor número de candidatos da década. Já a procura pelos cursos de engenharia aumentou em nove das 12 carreiras para engenheiros. No curso de engenharia civil da USP de São Carlos, o número de inscrições aumentou 84,32%. No ano passado, a concorrência era de 11 candidatos para cada vaga. Hoje, já são 20. A carreira só ficou atrás de têxtil e moda, um curso criado recentemente na USP Leste, que contou com aumento de 105% no número de inscritos.
Na Unicamp, para o vestibular deste ano, foram inscritos 18 candidatos por vaga em média. Em 2003, a proporção ficou abaixo de 15. Outro dado importante identificado pela universidade foi a mudança na preferência dos jovens. Há 20 anos, eles optavam com maior frequência pelas engenharias de computação, elétrica e mecânica. “Atualmente, as mais demandadas são, pela ordem, as engenharias química e civil”, afirma o coordenador da Comissão Permanente para os Vestibulares, Renato Pedrosa.
A carência de profissionais com o perfil desejado pelo mercado está forçando as faculdades a aprimorar seu cardápio de cursos de pós-graduação. Um exemplo disso pode ser visto no Programa de Educação Continuada- PECE, da Escola Politécnica da USP. A partir de 2010, será possível cursar um MBE, ou Master in Business Engineering, uma especialização em engenharia e negócios, que se contrapõe ao tradicional MBA, ou Master in Business Administration, que é destinado a quem quer se especializar em gestão.
De início, serão oferecidos 13 cursos de especialização dentro do novo modelo. Eles abrangem desde os segmentos de automação industrial, engenharia financeira e engenharia de software, até áreas mais específicas, como tecnologia metro ferroviária e engenharia de soldagem. Em comum, os cursos priorizam a prática da engenharia com enfoque em business, mesclando aulas teóricas e experiências práticas. “Fomos buscar no mercado e dentro da Poli profissionais com essa visão mais abrangente para organizar os programas dos cursos e ministrar as aulas. Dessa forma, vamos dar aos nossos alunos a base que eles necessitam para se diferenciarem no mercado”, diz o professor Jorge Luis Risco Becerra, coordenador administrativo e financeiro do PECE/Poli.
Não é preciso ser formado em carreiras da área de exatas ou de engenharia para fazer o MBE. Os cursos terão duração média de 24 meses e serão ministrados na Cidade Universitária, em São Paulo, no período noturno e/ou aos sábados. Além da especialização em engenharia e negócios, o PECE oferece 15 programas de treinamento, que são mais específicos e têm menor duração- em média, 30 horas/aula. Entre os temas incluídos nesses programas estão redes óticas, engenharia de túneis, mecânica de solos e pavimentação.
As inscrições para os cursos de MBE e para os programas de treinamento já estão abertas e as aulas terão início em março de 2010. Empresas interessadas em cursos específicos para seus funcionários também podem contatar o PECE, que organiza programas de disciplinas conforme as necessidades de cada uma. Os cursos da grade ou sob demanda podem ser ministrados também no sistema “in company”.