Contêineres no lugar de salas de aula. Um campus que nunca acabou de ser construído. Laboratórios ineficientes. Bandejão, nem pensar. Depois da batalha do vestibular, quem consegue uma vaga em universidade pública percebe que a guerra de verdade ainda não terminou. Com um agravante: nos campi avançados das instituições, relativamente novos e em expansão, a situação não é diferente. Os problemas – descritos acima – são alguns exemplos do que enfrentam alunos.
Há mais de um ano, Carolina Ferreira e Roberta Fonseca da Silva, estudantes de Psicologia do Polo Universitário de Rio das Ostras (Puro) da UFF, assistem às aulas em uma sala inusitada: um contêiner. Por falta de espaço construído, parte dos cerca de mil alunos matriculados nas seis graduações do polo utilizarão, em algum momento, um dos oito módulos instalados pela Prefeitura de Rio das Ostras como locais de ensino. No primeiro semestre, um dos contêineres teve um princípio de incêndio. De acordo com o diretor do Puro, Sérgio Mendonça, o acidente não teve grandes proporções:
– Não causou dano a ninguém nem a nenhum material.
Ainda segundo Mendonça, a empresa que fornece os contêineres garantiu que não há risco de o acidente se repetir. A Prefeitura de Rio das Ostras informou que todos os módulos estão em perfeitas condições e que mantém vistorias regulares.
Carolina se preocupa, porém, com a segurança das aulas nos contêineres:
– Se acontece um incêndio, nós não temos por onde sair. Há poucos extintores, e eu não sei se os contêineres têm uma proteção contra raios. Já chegou a entrar água num dia de chuva.
Já Luíza Carroza, aluna de Produção Cultural, reclama da sensação de clausura nos módulos, que chama de caixas de sapato:
– As janelas têm grades. Tudo é pequeno.
O diretor do Puro conta que os contêineres foram uma saída para que os vestibulares continuassem a acontecer até que a obra de expansão do campus, de responsabilidade da Prefeitura de Rio das Ostras, fosse concluída. A construção de três novos prédios estava prevista para começar em 2008. Com o atraso, as obras foram prorrogadas para 2010, e a UFF conseguiu recursos com o MEC para assegurar parte delas. A Prefeitura de Rio das Ostras informou que já entregou dois dos cinco prédios previstos e que as obras dos três outros imóveis começarão no primeiro semestre de 2010.
Além dos contêineres que funcionam como salas, há outros 15 utilizados para guardar equipamentos. Mendonça explicou que há nessas instalações, alugadas com recursos do MEC, material de laboratório, computadores e carteiras, entre outros itens, que foram adquiridos com recursos federais e não tinham onde serem alocados. Parte do material corre o risco de estragar.
Em Nova Iguaçu, os cerca de dois mil alunos da Rural pleiteiam um… campus. Aluno do oitavo período de Turismo, Felipe Felix, de 23 anos, vai se formar no próximo ano e já descartou a possibilidade de estudar no novo espaço, cujas obras estão paradas. Ele explica que seu curso requer três laboratórios, nunca construídos, e uma bibliografia não disponível na biblioteca da universidade.
– Se o MEC for avaliar meu curso, vai reprovar por falta de requisitos básicos – resume.