Paralisação do transporte coletivo causa tumulto em Florianópolis

O período em que o transporte coletivo de Florianópolis esteve parado na manhã desta terça-feira causou transtorno e revolta aos usuários de ônibus. A mobilização começou por volta das 10h20min e terminou só ao meio-dia.

Pegas de surpresa, as pessoas que estavam no Terminal Integrado do Centro (Ticen) responderam com indignação ao protesto dos trabalhadores. A polícia teve de ser acionada para controlar o tumulto.

Alguns usuários quebraram catracas e depredaram uma guarita com pedaços de madeira. Também foram danificados bebedouros e uma lanchonete. A Polícia Militar chegou a jogar uma bomba de efeito moral para conter a população revoltada. Duas pessoas foram detidas.

De acordo com o secretário de comunicação do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Urbano, Rodoviário, Turismo, Fretamento e Escolar de Passageiros da Região Metropolitana de Florianópolis (Sintraturb), Antônio Carlos Martins, a paralisação foi motivada pela votação na Câmara dos Vereadores da Capital do projeto que prevê a privatização da Zona Azul.

Os funcionários do transporte coletivo pedem a retirada do projeto da Câmara, que deve votá-lo às 19h. A categoria também protesta contra a diminuição dos horários das linhas de ônibus, o cancelamento da Participação dos Lucros e a possível demissão de cerca de 1,1 mil cobradores.

Martins afirma que representantes dos funcionários estão reunidos na tarde desta terça com o Ministério Público do Trabalho. Na reunião, será decidido se a categoria continuará recebendo a Participação dos Lucros, benefício concedido há 14 anos aos trabalhadores.

Para o motorista Douglas Martins, 28 anos, da empresa Transol, os problemas do transporte coletivo têm aumentado a cada ano:

— É uma bola de neve. Sempre há problemas. E, agora, reduzem horário dos ônibus e questionam a importância dos cobradores.

Em entrevista à rádio CBN, o prefeito Dário Berger (PMDB), garantiu que não há nenhuma iniciativa prevista que cause a demissão dos cobradores.


Prejudicados

Quem sofreu com a paralisação foram os muitos usuários que perderam compromissos ou chegaram mais tarde no destino. O aposentado Adécio da Cunha, 57 anos, queria voltar para a casa, no Ribeirão da Ilha, mas teve de esperar mais de uma hora pelo retorno dos ônibus.

— Essa paralisação pegou as pessoas de supresa. É uma falta de respeito não avisarem que isso iria acontecer. Há idosos de pé e crianças com sede que não podem ir embora.

O tumulto no Ticen também assustou quem estava no local. A caixa de uma lanchonete, Fernanda Ramos, diz que ficou tão nervosa que chegou a chorar.

— Quebraram bebedouro, arrancaram o extintor e destruíram as catracas. Foi horrível — diz a jovem de 18 anos.