Uma das apostas do governo Barack Obama para melhorar a qualidade da educação nos Estados Unidos são as charter schools, o que quer dizer escolas contratadas, numa tradução livre. Financiadas com recursos públicos, elas são geridas por entidades privadas, com ou sem fins lucrativos.
Atualmente, as charter schools respondem por apenas 1,4 milhão de alunos – 2,8% das matrículas na rede pública de ensino básico – e estão longe de ser uma unanimidade. Afinal, há casos tanto de sucesso quanto de fracasso escolar.
Como o GLOBO mostrou no domingo, os Estados Unidos estão entre os países que mais investem em educação, mas seus estudantes ficam atrás de asiáticos e europeus nos rankings de avaliações internacionais. O investimento em charter schools faz parte do esforço para diversificar a rede pública, buscando soluções onde as escolas tradicionais não deram conta do recado.
Isso vale especialmente para bairros de baixa renda, onde os alunos vêm de famílias com menor escolaridade, mas pode ser a solução também para situações extremas.
É o caso da cidade de New Orleans. Devastada pelo furacão Katrina, New Orleans tem hoje a maior cobertura de charter schoolsnos EUA: 56% de seus alunos frequentam esse tipo de estabelecimento, diz o presidente da Aliança Nacional para Escolas Públicas Contratadas, Nelson Smith.
Washington, a capital americana, tem 36% de cobertura, também de acordo com Smith. A rede Kipp de charter schools atendem cerca de 20 mil alunos em 82 unidades de 19 estados, além de Washington. A Kipp informa que 80% de seus alunos são de baixa renda, sendo que mais de 90% desses são negros e latinos.
Uma das escolas em Washington é a Key Academy. O segredo do sucesso, explica a diretora-executiva da rede Kipp em Washington, Susan Schaeffler, é “o trabalho duro”. Ela destaca também a autonomia para contratar e demitir professores, estabelecer a grade curricular e o horário de funcionamento.
A maioria das charter schools não tem sindicatos e o regime de trabalho dos profissionais é de contratos renováveis, sem estabilidade.
A carga horária das escolas supera em até 40% a da rede pública tradicional. As aulas vão das 8h às 17h, ou seja, nove horas diárias. Na rede pública tradicional, o horário é das 8h45m às 15h15m, isto é, seis horas e meia.
* O repórter viajou como bolsista do Woodrow Wilson International Center e do jornal “The Washington Post”.