Integrante do consórcio contratado pelo MEC para organizar o Enem, a FunRio, fundação ligada à Universidade Federal do Estado do Rio, está envolvida em novas denúncias, desta vez no concurso da Polícia Rodoviária Federal. O MEC cancelou o contrato com o consórcio após o vazamento da prova do Enem.
O Ministério Público Federal pediu à Justiça a anulação do concurso, ainda não realizado, após descobrir que o edital permite que um candidato concorra a vagas em vários Estados com uma única prova, aumentando as chances de aprovação.
A brecha favorece concorrentes com poder aquisitivo para se inscrever em mais de um Estado ou que ganharam isenção de taxa. “Além da concorrência desleal de quem tem mais recursos, o edital permite a interpretação de que a fundação tentava lucrar indevidamente”, disse o procurador da República Edson Abdon, responsável pelo caso.
Abdon descobriu 2.500 inscrições em multiplicidade, quando um mesmo candidato tentava vaga em ao menos dois Estados diferentes. Em um dos casos, um candidato fez 16 inscrições -gastou R$ 16 mil.
A Folha ligou para o escritório da FunRio. Sem se identificar, a pessoa que atendeu disse que a fundação não tem conhecimento da investigação do Ministério Público. A reportagem insistiu em saber com quem falava, e o interlocutor disse que era “uma pessoa da limpeza”.
Sexta-feira à tarde, o procurador Abdon informou que, durante reunião com representantes da FunRio, a instituição se comprometeu a validar apenas uma inscrição por candidato e a devolver o dinheiro de quem fez mais de uma inscrição. Se a promessa for cumprida, o concurso acontecerá normalmente.
A Funrio, contratada sem licitação, divulgou que o concurso já tem 113 mil inscritos em todo o país. Eles disputarão 750 vagas, com salário inicial de R$ 5.620,12. A primeira fase da seleção está marcada para o próximo dia 18.