O debate sobre a implantação de usinas de álcool na Bacia do Alto Paraguai em Mato Grosso do Sul levou ontem o governador André Puccinelli (PMDB) a ofender, com termos chulos, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Durante solenidade pela manhã, diante de políticos e empresários, Puccinelli xingou Minc de “veado” e disse que ele fumava maconha. As declarações repercutiram mal e, no início da tarde, Puccinelli deu entrevista pedindo desculpas, alegando que teria feito as declarações em tom de brincadeira.
A irritação começou semana passada, quando Minc anunciou que, com o zoneamento da canade-açúcar, o governo federal vai proibir o plantio de cana e a instalação de novas usinas de álcool no Pantanal e na Bacia do Alto Paraguai, em Mato Grosso do Sul. Puccinelli acha que o Ministério do Meio Ambiente está desconsiderando estudos técnicos feitos por pesquisadores e ONGs ambientalistas nos últimos dois anos. No centro das discussões estão interesses econômicos do estado — que, com o boom do etanol, é o que mais vem atraindo investidores.
— É um veado e fuma maconha — afirmou o governador de manhã, referindo-se ao ministro.
Logo em seguida, ao falar sobre a Meia Maratona Volta das Nações Pantanal, Puccinelli fez outra declaração polêmica quando perguntaram o que faria se o ministro fosse ao estado para a maratona.
— Se ele viesse, eu ia correr atrás dele e estuprar em praça pública — atacou Puccinelli.
Minc respondeu em nota oficial: “É um truculento ambiental que quer destruir o Pantanal com a plantação de cana-de-açúcar. Essa declaração revela o seu caráter”.
Depois, bem-humorado, Minc comentou as declarações: — Ele tem uma visão muito interessante sobre homossexualismo: eu é que sou veado e ele é quem quer me estuprar em praça pública. A minha surpresa é que, há dois meses, eu liguei pra ele e falei: Puccinelli, não vamos brigar, a gente tem 7 milhões de hectares de terras planas no Brasil para fazer a expansão da cana, essa história do Pantanal fere uma lei do seu estado.
À tarde, os assessores tentaram fazer com que Puccinelli apenas falasse o que constava numa nota oficial: — Quaisquer outros desdobramentos devem ser entendidos como inapropriados e, na hipótese de terem gerado ofensa ao ministro, o governador do estado de Mato Grosso do Sul apresenta seu pedido de desculpas.