Cuba completa 50 anos de regime comunista e como em qualquer “jubileu” é praxe que seja feita um balanço do legado de toda essa união. Mas, devemos estar cientes que no caso de Cuba lidamos com um regime totalitário e que o divórcio entre os participantes, representados aqui pelo povo e pelos ideólogos do regime, não é uma possibilidade de fato, pois que é negada pelo segundo.
Qualquer justificativa para a revolução cubana é na prática a defesa de um regime totalitário sendo mera expressão e afirmação dos dogmas do comunismo, socialismo ou qualquer outro pensamento degenerado terminado “com… ista”. Mas como ficam esses dogmas quando confrontados com a tragédia da violência da repressão do regime? Surge então uma dúvida sobre a credibilidade do discurso, afinal como é possível enaltecer a revolução cubana relativizando o fato de que a mesma remete a um regime totalitário? Uma vez que de nada valem os conceitos se a prática dos mesmos se revela inconsistente é desnecessário analisar a revolução cubana pela sua conformidade ou não com a cartilha marxista, leninista ou qualquer outra coisa, até porque o ensinamento dessas cartilhas, com seu apelo a violência e uso de clichês do tipo “exploração do homem pelo homem” (não seria na verdade, exploração do homem pelo estado?) estão longe de proporcionar justiça social. Aqui, basta analisar a prática representada pela ações do regime.
A leitura do “Livro Negro do Comunismo” [LNC] por Séphane Courtois entre outros fornece elementos preciosos de análise do que foi a prática do comunismo pelo mundo. No caso de Cuba, encontramos o artigo “Cuba. O interminável Totalitarismo Tropical” onde o autor descreve a ascensão de Fidel ao poder bem como a repressão do regime. Deixo ao leitor a tarefa de ir direto à fonte e me deterei a apenas alguns pontos que dispensam grandes comentários:
[LNC-pg.772]: “Depois das classes médias, foi o mundo operário que sofreu a repressão. Logo de início, os sindicatos mostraram-se rebeldes relativamente ao novo regime…”. Em 1962, Castro consegue “que o sindicato único, a Confederação dos Trabalhadores Cubanos peça a supressão do direito à greve: O sindicato não é um orgão reivindicativo”.
[LNC-pg773]:” A repressão atingiu também com força o mundo artístico. Em 1961, Castro definiu o papel dos artistas dentro da sociedade. Um slogan resume suas concepções: Dentro da revolução tudod+ fora dela, nada.”
[LNC-pg778]: “É possível fazer um balanço da repressão dos anos 60: entre sete e dez mil pessoas foram fuziladas, e avalia-se em 30 mil o número de detidos políticos”.
[LNC-pg779]: “A violência do regime penitenciário atingiu tantos presos políticos quanto os de direito comum.”…
“…À tortura física juntava-se a tortura psíquica, … guardas utilizavam pentotal para manter os presos acordados, …
eletrochoques eram usados com fins repressivos …”
[LNC-pg781]: “No universo carcerário de Cuba, a situação das mulheres é especialmente dramática, uma vez que elas são entregues sem defesa ao sadismo dos guardas”,… “antes de passarem pelas duchas as detentas deviam despir-se diante dos guardas que lhe batiam.”
[LNC-pg.785]: “Em setembro de 1960, Castro criou os Comitês de Defesa da Revolução (CDR) “. Em 1980, após o êxodo em massa de cubanos no porto de Mariel, os CDR”s organizam atos de repúdio “destinados a marginalizar socialmente e a quebrar a moral dos opositores”. “Os atos de repúdio quebram os laços entre vizinhos, alteram o tecido social para melhor impor o todo-poderoso Estado socialista”.
[LNC-pg.789]: “Tirano que parece fora de tempo, Castro perante os fracassos do seu regime e as dificuldades que Cuba enfrenta, afirmava em 1994, que preferia morrer a renunciar a revolução. Que preço terão ainda de pagar os cubanos para satisfazer seu orgulho?”
Diante destes fatos, acredito ter praticamente demonstrado minha afirmação de que a defesa da revolução cubana é uma mera expressão da crença nos dogmas do comunismo e suas degenerações. Mas, há uma exceção, há aqueles que defendem por ignorância, e em se tratando de pessoas da academia tal defesa revela-se imperdoável.