Para evitar a disputa entre trabalhadores e empresários — que marcou a audiência realizada ontem na Câmara dos Deputados sobre a redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas, com vaias dos dois lados — as centrais sindicais vão propor às entidades patronais um acordo. Nos moldes do ocorrido na Constituição de 1988, a carga horária cairia gradualmente. À época, o número de horas trabalhadas caiu de 48 para 44 horas em dois anos (uma hora a cada seis meses).
Segundo sindicalistas, o setor produtivo será procurado assim que for marcada a data da votação da emenda constitucional.
Hoje, representantes das centrais vão se reunir com líderes dos partidos e conversar com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), sobre a inclusão da proposta na pauta. As entidades alegam ter assinatura de todos os partidos, com exceção do DEM, para dar preferência de votação à matéria.
Desde a aprovação da proposta numa comissão especial da Câmara, no fim de junho, sindicalistas vêm fazendo verdadeiro corpo a corpo com os parlamentares a favor da redução da carga, que exige mudança na Constituição. Para isso, é preciso aprovação em quórum qualificado (três quintos dos parlamentares, em dois turnos na Câmara e dois no Senado).
Representantes das centrais sindicais apostam na proximidade do calendário eleitoral para aprovar a mudança, favorável aos trabalhadores. O presidente da Força Sindical, deputado do PDT-SP, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, considerou o debate positivo.
— De um lado empresários e de outros trabalhadores, e toma vaia para cada lado. Foi bonito, um confronto parecido com o Fla-Flu.
A entidade levou 200 kg de biscoito e, em determinado momento, “todo mundo avançou e o vidro da mesa, que fica no Salão Verde, quebrou”, contou Paulinho. Ele minimizou o tumulto e disse que entidade vai arcar com o prejuízo.
Ontem, as galerias da Câmara ficaram lotadas. Pelos cálculos da Confederação Nacional da Indústria (CNI), havia 750 empresários. As centrais estimaram a presença de dois mil trabalhadores.