O maior desafio econômico do Brasil é melhorar a educação. Esse foi um consenso entre diversos participantes do seminário “Cenários e Perspectivas para o Brasil”. O economista da PUC-Rio José Márcio Camargo lembrou que o Brasil gasta 16 vezes mais, em termos per capita, com aposentadoria do que com educação. Enquanto as aposentadorias consomem 13% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país), os investimentos em educação fundamental limitam-se a 3%. No entanto, os brasileiros com mais de 65 anos respondem por 8% da população, ao passo que os com até 15 anos representam 30%.
— Basta fazer as contas para ver que gastamos 16 vezes mais com aposentados do que com educação — disse Camargo.
Economista defende ensino em tempo integral Camargo acrescentou que, historicamente, o Brasil dá pouca importância à educação: — Investir em capital físico sem investir em capital humano (educação) faz com que a produtividade e a taxa de crescimento caiam ao longo do tempo, eventualmente levando à estagnação.
O Brasil fez uma opção pelo primeiro — afirmou Camargo, lembrando que, com exceção do ex-governador Leonel Brizola e do senador Cristovam Buarque, nenhum político de expressão nacional levantou a bandeira da educação.
Ele defendeu que o Brasil mantenha os alunos do ensino pré-escolar e fundamental na escola por tempo integral.
Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), afirmou que a agenda agora é a qualidade da educação. Ele lembrou que esse processo já começou com as metas adotadas pelo governo para 2021.
— A nossa nota é de 3,8 pelo Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica). Ou seja, o Brasil foi reprovado. A meta é chegar a 6 em 2021, a média dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e das escolas privadas hoje.
Segundo Neri, o Brasil conseguiu reduzir a pobreza recentemente, bem mais que no período do milagre, descobrindo “a reserva da desigualdade”, ou seja, os pobres que estavam fora do mercado: — Essa é a década da redução da desigualdade. Na próxima década vamos dar os mercados aos pobres, via educação de qualidade, regularização fundiária e microcrédito.
No caso do Rio, a educação tem papel ainda mais preponderante.