Os 4,5 milhões de inscritos no novo Enem representam o triplo dos estudantes que ingressaram no ensino superior em 2007.
Mas a competição poderia ser mais acirrada: nos últimos anos, o número de estudantes de ensino médio dá sinais de queda: 8,7 milhões em 2004d+ 8,6 milhões em 2005d+ 8,5 milhões em 2006d+ e 8,4 milhões em 2007, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE.
Não há uma explicação clara para as causas da estagnação. Especialistas lembram que a população está diminuindo e que as taxas de reprovação e evasão limitam o aumento do número de concluintes.
Sem esquecer que 17,9% dos jovens de 15 a 17 anos estão fora da escola. Ao contrário do ensino fundamental, o médio ainda não foi universalizado no país.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgou estudo este ano mostrando que a taxa de reprovação no ensino médio aumentou de 12,1% para 12,7%, de 2006 para 2007.
O presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, estima que o nível médio deveria atender 10 milhões de estudantes, caso toda a população na faixa etária adequada frequentasse a escola.
Reynaldo diz que é difícil analisar o fluxo escolar por causa do número de variáveis envolvidas. Ele recomenda que se verifique o total de anos de estudo da população, que vem crescendo: eram 5,4, em 1997d+ 6,3, em 2002d+ e 7, em 2007, considerando a população acima de 10 anos.
— Estamos muito aquém. A fotografia é ruim, mas o filme está melhorando.
O Plano Nacional de Educação, aprovado pelo Congresso em 2001, tem como meta que, em 2011, 30% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos frequentem a universidade. A meta não será atingida: 30% da população nessa faixa etária está na escola, mas a maioria no ensino básico e apenas 12% nas faculdades.
O coordenador da pós-graduação da Faculdade de Educação da USP, Romualdo Portela, diz que parte da população que concluiu o ensino médio e, depois, não ingressou na universidade já construiu sua vida sem diploma universitário e não pensa em voltar a estudar.
Ele cita também a falta de dinheiro para pagar mensalidades. Afinal, oito em cada dez universitários brasileiros frequentam instituições privadas.
— É um cara que talvez fizesse o novo Enem, se tivesse condições mais favoráveis — diz Romualdo.