“Todas as dores e mágoas do mundo são suportáveis quando as colocamos numa história ou contamos uma história sobre elas”.
Paulo Meksenas vinha de uma família de operários de origem lituana, cresceu na zona leste da cidade de São Paulo. Desde a adolescência se envolveu com educação popular e com cursos de alfabetização para adultos. Desde então, ensinar era uma atividade política, uma forma de militância. Talvez tenha nascido daí sua preocupação com a educação.
Formou-se em sociologia na USP em 1984, em seguida foi para a faculdade de educação onde obteve os títulos de mestre e doutor. Vários de seus livros e artigos resultavam das experimentações que fazia em sala de aula.
Paulo Meksenas era um tipo cada vez mais raro na universidade. Certa vez ele disse: “eu não sou um intelectual, eu sou um professor”. Não havia nessa frase nenhum desprezo pela atividade intelectual, mas o reconhecimento de que ele se realizava dando aulas, era na sala de aula que ele se sentia bem, era lá que, pensava, podia fazer alguma diferença.
Aula não era, para ele, o osso do ofício, o ônus de estar na universidade pública. Não, lecionar era a melhor parte. Primeiro, porque era o momento em que ele estudava, arrumava as idéias e aprendia coisas novasd+ segundo, porque ele tinha um prazer especial com as descobertas de seus alunos.
As publicações, os encontros, os simpósios, as conferências eram apenas o resto, a parte menos importante, a que ia para o Lattes. Quantos desse tipo ainda existem por aí? A UFSC, certamente, perdeu um grande mestre. Eu perdi um grande amigo.
Aliás, nada mais antinatural que a morte de um amigo: “não há morte natural (…) todos os homens são mortais, mas para cada homem sua morte é um acidente e, mesmo que ele a conheça e a consinta, uma violência indevida”.
Não há nada de natural nesse acidente, nessa violência inaceitável, que tira de nós um amigo e um mestre no sentido amplo do termo.