Em 68 horas de desentendimentos entre prefeitura, empresários e funcionários do transporte coletivo, um ponto se manteve consenso entre as partes: o sistema está falido. O acordo costurado na última semana apenas camuflou o problema. Prova é que, nos bastidores, outra greve é anunciada para o ano que vem.
O aumento no valor das passagens e do subsídio cobre apenas o reajuste da categoria e não diminui o déficit das empresas, de cerca de R$ 2 milhões ao mês, segundo os empresários. O presidente do Setuf, Waldir Gomes, prevê que na próxima data-base, maio de 2010, motoristas e cobradores vão reivindicar reposição salarial, não haverá dinheiro e nova paralisação deve ocorrer.
O trânsito seria outro fator de pressão no sistema de transportes, de acordo com o presidente do sindicato dos empresários. Para que seja possível cumprir os horários, a dificuldade de locomoção em Florianópolis obriga a manutenção de uma frota 22% acima do que seria necessário.
O reflexo é a contratação de mais profissionais, que operam os ônibus com ocupação abaixo da ideal. Gomes garante que, se o gargalo fosse resolvido, o déficit desapareceria.
O diretor de Comunicação e Imprensa do sindicato dos trabalhadores, Antônio Carlos Martins, questiona os números divulgados pelos empresários e alfineta ao questionar a manutenção deles no ramo diante de tanto prejuízo.
Martins defende que estas empresas não participem da licitação do transporte coletivo (saiba mais sobre os trâmites do processo abaixo).
Dinheiro arrecadado nos terminais seria subsídio
O vice-prefeito e secretário dos Transportes de Florianópolis, João Batista Nunes, confia que a licitação marcada para este ano vai resolver a situação. Pelo modelo sugerido, serão construídos três terminais, que funcionarão como shoppings e pontos de serviços de água, luz, pró-cidadão, restaurantes e estacionamento.
O dinheiro arrecadado nos terminais seria depositado em um fundo e subsidiaria o transporte coletivo. A proposta prevê uma reforma no Terminal de Integração do Centro (Ticen), construção de um terminal no continente, entre a Via Expressa e a Avenida Ivo Silveira, e outro no Norte da Ilha, em um local ainda a ser definido.