A greve do transporte coletivo da Grande Florianópolis terminou na madrugada desta sexta-feira. Trabalhadores, empresários e prefeitura da Capital chegaram a um consenso após 68 horas de paralisação.
O acordo foi possível depois que o sindicato dos empresários do setor (Setuf) aceitou pagar o reajuste salarial de 7% e aumentar o valor do vale-alimentação dos trabalhadores para R$ 310, retroativo ao mês de maio. A prefeitura assumiu metade do custo pelo pagamento do valor nos meses de maio e junho.
Para que as reivindicações dos trabalhadores sejam atendidas, todas as tarifas serão reajustadas em R$ 0,10 a partir de segunda-feira. Além disso, a prefeitura vai aumentar em R$ 0,03 o subsídio pago por passageiro (hoje é R$ 0,12 por passageiro, o que significa cerca de R$ 550 mil por mês).
Os trabalhadores exigiram ainda a garantia dos empregos por quatro meses e a participação nos lucros das empresas até o mês de novembro.
Negociações
Representantes da prefeitura e do sindicato dos trabalhadores (Sintraturb) retomaram as conversações em busca de uma saída para o impasse ainda na tarde de quinta-feira. Como os empresários já tinham se manifestado contrários às propostas apresentadas até então, o prefeito da Capital, Dário Berger, anunciou a possibilidade da prefeitura intervir no sistema de transporte urbano.
O Procurador do Município, Jaime de Souza, foi convocado para analisar como a prefeitura poderia assumir o controle da frota de ônibus para restabelecer o serviço.
O anúncio da intervenção foi recebido com tranquilidade pelos empresários, que voltaram a negociar com a prefeitura à noite. A prefeitura, então, abandonou a possibilidade de intervenção e voltou a buscar um entendimento entre as partes.
Foi mantida a proposta já apresentada por Berger na quarta-feira, incluindo agora como benefício aos trabalhadores a participação nos lucros até o mês de novembro deste ano e a garantia dos empregos por quatro meses, a partir do início das negociações (maio).
Este último item desagradou o Sintraturb, que saiu da reunião sem assinar o acordo. A proposta foi apresentada aos trabalhadores que estavam concentrados na Praça das Nações, no Centro, que decidiram pelo fim da greve às 3h15min.
Multa
O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) confirmou a multa de R$ 150 mil — R$ 50 mil por dia de greve — aos sindicatos pelo descumprimento da ordem judicial que determinou o atendimento da população com a frota mínima durante a paralisação. Sintraturb e Setuf vão recorrer da punição.
Ônibus nas ruas
De acordo com Antônio Carlos Martins, diretor de comunicação do Sintraturb, os trabalhadores retomam as atividades gradativamente no decorrer do dia. Por volta das 6h, o serviço já havia sido retomado parcialmente.