Ao contrário do panorama entre os docentes de outros países, a maioria dos professores do Brasil é jovem. É o que aponta a pesquisa Teaching and Learning International Survey (Talis), realizada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 24 países. Na maioria dos países, o estudo aponta que a força de trabalho das escolas está envelhecendo. Já no Brasil, só 12% dos docentes têm mais de 50 anos. De acordo com a pesquisa, quase um quarto dos professores têm menos de 30 anos.
O principal objetivo do estudo é levantar dados sobre o ambiente de aprendizagem e as condições de trabalho que as escolas oferecem aos seus profissionais. Para a secretária de educação básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar Lacerda, é positivo o fato de 22% dos docentes ter menos de 30 anos. “Atrair novos talentos para a carreira é importante. O próximo passo é garantir que ele tenha um bom plano de carreira, salários adequados e boas condições para que ele permaneça na profissão até se aposentar”, avaliou.
Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Franklin Leão, o percentual de jovens no magistério ainda é baixo. Ele acredita também que muitos professores com mais de 50 anos abandonam a carreira. “O professor ingressa na carreira jovem, aos 20 e poucos anos, mas depois de dez anos não vê perspectivas de um futuro melhor e vai procurar outras carreiras que ofereçam ganhos salariais melhores”, aponta.
Outra questão em que o Brasil difere dos outros países participantes da pesquisa é no que diz respeito a cargos diretivos nas escolas. Aqui, as mulheres ocupam a maioria dos postos de direção (76%) das unidades escolares, enquanto no resto do mundo a função é majoritariamente dos homens.
A pesquisa detecta que as escolas brasileiras têm pouca autonomia de gestão. Os resultados globais apontam que 75% dos professores trabalham em unidades escolares em que os diretores têm pouca autonomia em relação ao salário dos professores, mas essa independência aumenta em relação a contratações e demissões de pessoal, além de gestão de recursos. Mas no Brasil, cerca de 25% dos docentes estão em escolas em que a direção tem autonomia para gerir pessoas.
Pilar explica que esse resultado é reflexo da forma como o sistema escolar se organiza no país. As secretarias de educação são as responsáveis por administrar o sistema público e as unidades são organizadas em redes. Na avaliação da secretária, o modelo fortalece as escolas, sem prejuízo para a qualidade da educação. “A escola precisa ter a autonomia resguardada no que diz respeito à definição do seu projeto pedagógico e ao relacionamento com a comunidade.”
O levantamento entrevistou diretores e professores em cerca de 200 escolas de cada país. Além do Brasil, participaram do estudo Austrália, Áustria, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Eslovênia, Estônia, Holanda, Hungria, Islândia, Irlanda, Itália, Coreia, Lituânia, Malta, Malásia, México, Noruega, Polônia, Portugal e Turquia.