Força policial garante liberdade de acesso, diz professora da USP

Os protestos na USP foram promovidos por pequenos grupos da universidade, diz a professora Maria Herminia Tavares de Almeida, do Departamento de Ciência Política da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas). Para ela, não há problema estrutural na universidade.
 

FOLHA – Como a sra. analisa a situação na USP?

MARIA HERMINIA TAVARES DE ALMEIDA – As coisas não começaram ontem [anteontem, dia do confronto]. Começou com um pequeno grupo de funcionários grevistas, que, ao começar a campanha salarial, já quis ocupar a reitoria. Depois, uma parcela minoritária de alunos, de alguns departamentos, decidiu impedir a entrada dos demais. Como você garante que os alunos que querem ter aula possam ter aula, que os funcionários que querem trabalhar possam trabalhar? Em um Estado de Direito, quem garante a liberdade de acesso e a defesa do patrimônio público é a força policial. Além disso, na televisão, parece que os manifestantes foram atacados sem razão. Mas eles provocaram. O grave é existirem grupos dentro da universidade que apostam em confrontos como esse. Houve uma aposta na radicalização.

FOLHA – Quais são esse setores?

MARIA HERMINIA – A liderança do sindicato dos funcionários [Sintusp] e uma ala do movimento estudantil.

FOLHA – A reitora precisava ter pedido a presença policial?

MARIA HERMINIA – Ela não chamou a polícia, pediu reintegração de posse à Justiça. A reitora estava no seu dever. A reitoria existe para, entre outras coisas, garantir o funcionamento da universidade. Talvez tenha faltado explicar melhor o que estava fazendo.

FOLHA – Como a sra. avalia as reivindicações dos grevistas?

MARIA HERMINIA – Conflito salarial tem em qualquer lugar. Os salários na USP não são excepcionalmente altos, todos sabem. O problema é começar uma negociação sobre salário invadindo o prédio da direção da universidade.

FOLHA – A reitora deveria renunciar?

MARIA HERMINIA – Isso me parece uma reivindicação despropositada. Ela foi eleita, tem mandato até o final do ano.

FOLHA – O confronto expõe um problema estrutural na USP?

 MARIA HERMINIA – É ação de uma minoria. A USP funcionava normalmente. Mas grupos reduzidos podem fazer problemas grandes.