(A composição é de Violeta Parra, cantada por Mercedes Sosa)
Mercedes Sosa agradecia à vida, “que me ha dado tanto”, dizia ela. Eu agradeço à UFSC pelo mesmo motivo. A cantora despede-se da vida com quem se deu bem. Toda despedida implica um misto de alegria e tristeza, afinal, partire é um po´ morire. Algo semelhante posso eu dizer no momento em que me despeço da UFSC, convidado que fui para me aposentar. Sabe-se que, chegado o septuagésimo aniversário, trata-se de um convite que não admite recusa.
Gracias a la UFSC que me ha dado tanto. Impossível listar tudo o que recebi dela nos vinte e poucos anos que lecionei, primeiro como “horista”, logo depois como visitante e, a partir de 1989, já concursado. O “gracias a la UFSC” se traduz em “gracias” aos colegas, professores do LLV onde entrei como professor de latim, e professores do LLE onde lecionei língua estrangeira – espanhol.
Como eu respondi à acolhida da Alma Mater? Desnecessário dizer: como ser humano. E, como todo o mundo sabe, errare humanum est. É de se esperar que, colocado na balança o positivo e o negativo, o primeiro leve a melhor. No entanto, consciente das minhas limitações, houve certamente deficiências, pelas quais apresento um sincero mea culpa.
Os meus agradecimentos e louvores à UFSC só não são maiores devido a dois fatos acontecidos neste último semestre.
Um deles é o desaparecimento da moto enquanto eu lecionava, fato já noticiado neste Boletim (18/05/09, n. 677). Outro dissabor foi causado por uma denúncia anônima de algum/alguns estudante/s que tiveram como alvo a mim e mais duas colegas. O fato de existirem estudantes descontentes, principalmente quando não ganham a nota que eles acham merecer, não é novidade. A novidade para nós foi a forma como a denúncia foi veiculada, isto é, via Ouvidoria, e o triste papel (de ventilador?) que esse órgão desempenhou em nome do denunciante anônimo. Obrigados moralmente a responder, os professores atingidos provamos não haver fundamento para aquelas acusações. Qual o resultado? Nenhum. Enquanto isso, a Ouvidoria convida a “botar a boca no trombone”, garantindo de fato, a proteção do anonimato.
Ter uma pensão muito aquém do salário, perder a moto quando mais precisava dela para continuar trabalhando, são fatos lamentáveis. Mas nem tanto quanto uma denúncia anônima, veiculada por um órgão da Universidade.
Termino com meu “muito obrigado” também à Apufsc, ferozmente criticada por professores nota dez em crítica. Nota zero quando se trata de passar das palavras aos fatos, com algum tipo de envolvimento. Como todo empreendimento humano, a Associação dos Professores não é perfeita, como tampouco somos nós, os associados. No entanto, talvez possamos dizer da Apufsc, mutatis mutandis, o que a mulher a respeito do marido (e o marido a respeito da mulher): mal com ele, pior sem ele.