A primeira edição do vestibular unificado não terá prova de língua estrangeira, sociologia e filosofia. Segundo o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Reynaldo Fernandes, as matrizes para a elaboração dessas provas não estão prontas, e o prazo é insuficiente para a sua realização. A decisão vale apenas para este ano e afeta a seleção das universidades que aderirem ao novo Enem. O Inep utilizará na elaboração da primeira edição do vestibular unificado a matriz do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). – Na segunda edição, em 2010, vamos incluir as matérias – afirma Fernandes durante seminário sobre o vestibular unificado realizado na Universidade de Brasília (UnB).
Para o secretario executivo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, Gustavo Balduíno o fato é uma limitação, devido a importância das disciplinas nas seleções das universidades.
– No vestibular da Universidade Federal de São Carlos (UFSC), por exemplo, há seis opções – diz.
Para coordenadora de ensino e graduação da UnB, Márcia Abrahão, uma seleção para universidade sem língua inglesa representa um retrocesso.
De acordo com Márcia Abrahão, a decisão pode atrapalhar na adesão da UnB ao processo. O Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão da universidade deve decidir sobre a participação da UnB no novo Enem no dia 7 de maio.
A mesma opinão tem o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal, Amábile Pacios.
– Não vamos mais fazer uma seleção do mesmo nível. Estamos sucateando o processo. A qualidade da seleção sofrerá perdas – critica
Para Amábile é difícil imaginar uma prova de vestibular sem língua estrangeira, uma vez que a disciplina é obrigatória na grade das escolas.
As provas do Enem deverão, ainda, passar por pré-testes, antes da aplicação. O novo Enem deve ser realizado nos dias 3 e 4 de outubro e, mesmo diante de insistentes pedidos de reitores para adiar a data, Fernandes diz que o prazo será mantido.
– Muitas instituições utilizarão o novo Enem como primeira fase, precisaremos divulgar o resultado em tempo hábil para a segunda etapa – justifica.
A expectativa é que 4 milhões de pessoas façam o exame. Todas as redações serão corrigidas, uma vez que a prova tem o intuito de avaliar o ensino médio e não só selecionar para as universidades.