Com a proposta de formar comunicadores críticos e comprometidos com a democracia, na época em que a opressão dominava as universidades do país, o curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) iniciou as atividades no dia 8 de março de 1979, em Florianópolis.
Trinta anos depois, a faculdade continua com uma posição de vanguarda, sendo a única no Brasil a dedicar formação exclusivamente para o jornalismo. Notas máximas em avaliações feitas pelo Ministério da Educação (MEC) e boas classificações em guias para estudantes do ensino médio sempre fi zeram parte da história do curso – a faculdade recebeu a maior nota entre os cursos de comunicação do Brasil no último Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).
Para se chegar à estrutura atual, com mais de cinco laboratórios, entre eles de fotografia, rádio e televisão, foi necessário muito trabalho.
– Um corredor e dois laboratórios era o que o curso tinha quando foi criado – lembra o funcionário Dalton Barreto, secretário do curso de 1981 a 2008.
As salas abrigavam máquinas de escrever para as aulas de redação e um laboratório de rádio. Com o tempo, a estrutura foi aumentando, até passar por uma reforma ampla, em 2000. Barreto relembra que a busca por mais espaço era uma reivindicação de
alunos e professores.
– Os estudantes iam à reitoria para ter aula lá. Era uma forma de protesto pelo pouco espaço no curso. Esse perfi l contestador dos alunos por muito tempo fez parte da faculdade.
O professor Eduardo Meditsch relata que foi dos corredores do curso que saiu o movimento das Diretas. Já em Santa Catarina.
Ex-aluna da faculdade e atual professora do curso, Maria José Baldessar fez parte dessa turma. A jornalista, que teve aula em laboratórios alugados, avalia que, após 30 anos, a estrutura oferecida no curso ficou 30 vezes melhor.
Reforma curricular foi ponto marcante
Apesar da mudança física, foi a reforma curricular um dos principais marcos da história da faculdade. Meditsch observa que desde 1988 os professores discutiam a proposta
de dar ênfase maior ao jornalismo do que à comunicação. As alterações
do currículo, porém, aconteceram no final dos anos 1990.
O currículo novo traz aulas práticas desde a primeira fase, com disciplinas teóricas. O modelo novo causou críticas internas e externas, de que a faculdade virou tecnicista. Contudo, a professora Maria José discorda de que o curso é meramente
prático.
– Também temos disciplinas teóricas. O currículo não se fecha apenas na prática. Tanto que, na prova do Enade, o conhecimento avaliado era de comunicação e ficamos na frente de todos os outros cursos.
O coordenador do curso, Áureo Mafra de Moraes, acredita que optar por uma formação voltada ao jornalismo foi um passo à frente. Ele informa que o MEC está discutindo
novas diretrizes curriculares nos cursos de comunicação e que a tendência
é adotar o modelo praticado pela faculdade da UFSC.
Moraes afirma que o desafio agora é pensar na pós-graduação. No ano passado, a faculdade iniciou o o curso de mestrado, o primeiro em jornalismo do país.