Em meio a uma delicada realidade financeira, uma das principais instituições de ensino superior de Santa Catarina começa a reverter a situação que levou muitos a temerem o fechamento de suas portas. A Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), de Lages, ainda contabiliza dívidas milionárias (entre pendências com funcinários, impostos e contratos bancários são mais de R$ 22 milhões), mas está quitando-as aos poucos, e vê seus funcionários e alunos cada vez mais esperançosos.
Ontem, os 549 colaboradores receberam a segunda parcela do salário de dezembro, num total de R$ 230 mil. Faltam ainda as férias e os vencimentos de janeiro e fevereiro, numa total de quase R$ 2,4 milhões. Ainda bastante, mas R$ 400 mil a menos que os R$ 2,8 milhões acumulados em 24 de outubro do ano passado, quando iniciou a intervenção administrativa ordenada pela Justiça. Desde aquele dia, foram feitos 14 pagamentos parciais aos funcionários, num total de R$ 5,4 milhões.
Funcionária da Uniplac há oito anos, a professora dos cursos de Biologia e Medicina Patrícia Ferruzzi 41 anos, recebeu ontem um cheque de R$ 653 referente a dezembro. Em 2008, ela chegou a ficar três meses sem receber o salário, que girava em torno de R$ 2 mil por mês.
– Nunca deixei de cumprir o meu dever e sempre mantive a qualidade. Percebo que a Uniplac já melhorou bastante e continua melhorando. – observou.
A dívida da Uniplac com fornecedores e impostos chega a R$ 3,4 milhões. Os fornecedores estão recebendo juntamente com os funcionários. Já os tributos serão parcelados através de negociações a serem feitas com as esferas governamentais após a quitação dos salários. Eventuais condenações em ações trabalhistas também são pagas com os salários.
A dívida de R$ 19,5 milhões com 13 bancos é discutida através de revisões de contrato com as instituições, mas nenhum centavo está sendo quitado. Em outubro, a Justiça bloqueou 100% das contas bancárias e 40% dos recursos da tesouraria da Uniplac para garantir o pagamento dos salários atrasados.
Os 60% liberados da tesouraria são destinados à manutenção da estrutura da universidade, como laboratórios e contas de água, luz e telefone. Os bloqueios devem terminar apenas quando os salários estiverem em dia.