Entidades ligadas ao funcionalismo prometem ocupar a Esplanada dos Ministérios a partir de hoje para cobrar do governo federal políticas salariais idênticas a ativos e inativos e pressionar em favor do cronograma de reajustes acertado com as categorias no ano passado. Por causa do agravamento da crise econômica mundial, o Palácio do Planalto cogita diluir ou adiar os aumentos já autorizados a cerca de 1,8 milhão de servidores públicos. Grande parte dos trabalhadores tem previsão de receber a segunda parcela de aumento em julho.
Os sindicatos esperam reunir pelo menos 5 mil pessoas em um protesto que terá início pela manhã, em frente à Catedral, e se estenderá por todo o dia. A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), que organiza o ato, aguarda pela chegada de caravanas vindas de quase todos os estados do país. “Se o governo quiser queda de braço não vamos fugir dela”, disse Josemilton Costa, secretário-geral da entidade. O governo não crê em forte adesão, por isso não quis se pronunciar oficialmente.
Amanhã, os sindicatos voltarão às ruas para o lançamento da campanha salarial 2009. Mesmo tendo assinado acordos que dão direito a reajustes escalonados até 2010, as entidades que representam os servidores do Executivo insistem em impor uma agenda histórica de reivindicações. Entre as propostas mais polêmicas, estão a antecipação dos reajustes aprovados em lei, o direito irrestrito de organizar greves e a retirada do projeto enviado pelo Executivo ao Congresso Nacional que trata da contenção de gastos anuais com a folha de pessoal.
Josemilton Costa explicou que as manifestações programadas para a semana têm como foco garantir direitos assegurados ao servidor. Costa afirmou que o funcionalismo não aceitará, por exemplo, rediscutir os aumentos concedidos em 2008. “Vai ter greve. Para o PAC dar certo, os aumentos têm de ser mantidos”, disse. Segundo ele, setores estratégicos já se mobilizam. Ainda de acordo com a Condsef, estão sendo propostas mesas de negociação para mediar o conflito.
Entre as categorias que temem ficar sem a segunda parcela de aumento está a de auditores-fiscais da Receita Federal. O Unafisco, entidade que representa os auditores, publicou ontem em sua página na internet uma nota em que adverte o governo para um possível colapso no funcionalismo. “Em resumo, o governo está ameaçando criar uma crise dentro de outra. Não será fácil para o Executivo administrar, num momento economicamente difícil (a crise mundial) e politicamente importante (ano pré-eleitoral), um clima de insatisfação generalizada entre os servidores públicos, principalmente aqueles aos quais cabe a responsabilidade de buscar os recursos necessários ao Estado brasileiro neste momento”, reforçou o documento.