No início da gestão “Século XXI” eu dizia que o “O novo nascia velho” já pela composição da equipe. Hoje, posso afirmar que “O novo continua velho” e há fato convincente que atinge a categoria docente, principalmente o contingente que possuía a URP. Refiro-me à iniciativa do pró-reitor de Desenvolvimento Humano e Social, da UFSC, de processar dois professores pelas críticas que fizeram à sua postura como dirigente em artigos recentemente publicados no Boletim da Apufsc. A ser mantida esta iniciativa conclui-se que não nos é permitido tecer críticas ao homem público e, pasmem, servidor reconduzido na PRDHS pela personalidade máxima da Universidade.
Nesse sentido, o silêncio do reitor (e quem cala consente, diz o ditado popular) é mais do que preocupante, pois ele próprio assimila a crítica, como a que fiz no artigo publicado no boletim da Apufsc nº 640, de 9 de junho de 2008, mas seu subalterno não! Sentindo-se ofendido pela crítica, ele apela à justiça alegando ter sofrido dano moral e à sua imagem. Ora, o homem público que não sabe ouvir críticas e verificar a procedência das mesmas não merece ocupar o cargo e assumir a responsabilidade de administrar, fundamentalmente, a área de recursos humanos da instituição.
Depreende-se dessa situação que a postura oficial é a de que quem critica deve ser processado. Não é analisado o conteúdo da crítica na sua essência, se é procedente e relevante, apenas interessa focar o autor da mesma, como se ele fosse realmente o problema a ser tratado. Aliás, exemplarmente tratado para que, caso condenado, sirva para desencorajar outros que porventura queiram também manifestar seu pensamento crítico.
Para tornar mais clara a postura adotada por este pró-reitor basta resgatar um caso semelhante ocorrido na gestão passada, quando um colega nosso do Departamento de Informática e Estatística (INE), criticou o Etusc. Naquela ocasião, a administração central da UFSC, ao invés de verificar a veracidade dos fatos denunciados, omitiu-se. Enquanto isso, o então diretor do Etusc solicitou a abertura de uma sindicância para apurar a responsabilidade do denunciante ao “manifestar desapreço no ambiente de trabalho”. Paralelamente, um grupo de servidores do Etusc ingressou com uma ação judicial, por danos morais, contra o denunciante. Qual era a crítica? Nosso colega denunciava o desleixo com que eram usados recursos públicos, resultando em edificações sofríveis como o prédio do INE, e a clara falta de fiscalização das obras no Campus. O colegiado e a chefia daquele departamento, na ocasião, despenderam muitas horas para buscar uma solução negociada, junto à administração, para os problemas de seu prédio, inclusive sofreram uma tentativa de intimidação encabeçada pelo então Pró-Reitor de Administração e Finanças, que solicitou à PGF/AGU a abertura de processo de sindicância para apuração de responsabilidades pela colocação de faixas de protesto na fachada do prédio.
Atualmente, assistimos a mais uma investida contra quem tem a coragem de exercer a liberdade de expressão do pensamento, desta vez contra os colegas Henrique Finco e Fábio Lopes por terem criticado a postura do pró-reitor durante o processo de corte da URP. Eles merecem a nossa solidariedade, pois embora o teor da crítica esteja mais diretamente relacionado aos docentes que possuíam URP, o comportamento da administração permanece sendo o mesmo: assedia moralmente a quem se atrever a exercer abertamente uma postura crítica.
Colegas, é preciso mostrar ao reitor que não são mais admissíveis, no Século XXI, posturas que se coadunam mais com o século passado do que com uma administração que se pretende inovadora, pragmática e progressista. Faço um apelo aos colegas que elegeram o atual reitor para que tomem posição e se manifestem no sentido de que ele responda o ofício encaminhado pela diretoria da Apufsc. Afinal, acredito e defendo que num ambiente universitário deva prevalecer a liberdade de opinião enquanto direito de expressão, por qualquer forma, daquilo que se acredita seja o verdadeiro.
Colega reitor, sócio da Apufsc, reflita sobre a sua postura de calar! O professor Prata, admito, talvez possa não ter opinião no caso, mas o reitor que reconduziu o atual pró-reitor de DHS tem a obrigação, como responsável pelos atos dos componentes de sua equipe, de se manifestar.