Pesquisadores não estão preocupados somente com a questão da relação das universidades com suas fundações de apoio. Mesmo com verba na mão, cientistas dizem enfrentar dificuldades por causa da burocracia para importar material e, no caso de biólogos, para fazer coleta de animais e plantas em pesquisa de campo. Essa é uma das demandas que Jacob Palis Jr., presidente da ABC (Academia Brasileira de Ciências) diz estar ouvindo de seus colegas de profissão.
“O volume [de produtos liberados] é sempre acanhado em relação às necessidades, e a agilidade é quase nula”, diz. “Há mais de um ano houve uma cerimônia no Palácio do Planalto e o presidente Lula pediu que todo mundo interviesse no assunto. Ele disse: “Olha, se vocês não pressionarem, não anda”. E não andou mesmo.”
Segundo Palis, uma das fontes do problema é a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). “Ela está criando dificuldades para a importação de insumos por causa das indefinições quanto à validade daquela importação”, afirma.
Já Marco Antonio Raupp, da SBPC, voltou a criticar autoridades ambientais. “As restrições do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] sempre foram severas. Os pesquisadores eram tratados da mesma forma que um representante de um laboratório internacional farmacêutico, que vem fazer pesquisa para criar medicamentos com interesse comercial”. Segundo ele, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, ainda não teria cumprido a promessa de desburocratizar a coleta de material.
“Ele emitiu uma portaria em que admitia flexibilidade no processo, mas não está funcionando”, afirma. Raupp diz que, quando relatou o problema ao presidente, Lula lhe contou ter recebido de Minc a resposta de que as medidas de flexibilização já estavam implementadas.