Comenta-se que a humanidade está vivenciando a era da informação e do conhecimento. Entendo que a revolução digital, promovida na computação e nas comunicações, permitiu um grande desenvolvimento nos sistemas de informação. Em meados do século passado ainda havia muita dificuldade na obtenção de informações. Hoje o problema está drasticamente alterado. Os modernos mecanismos de busca nos propiciam volumes exagerados de possibilidades de acesso.
Consultando dicionários, percebo que a principal acepção da palavra conhecimento é caracterizada pelo ato ou efeito conhecer. A apreensão intelectual utilizando o pensamento, a elaboração pela inteligência, a compreensão, o entendimento, o uso da razão e/ou da experiência são formas apresentadas para obtenção ou criação do conhecimento. Deduzo destas informações que o conhecimento é algo estritamente pessoal, representado pelo somatório do que cada um sabe.
Neste contexto, a era da informação, que continuamos vivenciando, está propiciando uma grande expansão da faculdade de conhecer. De outro lado, se tenho interesse num assunto que está escrito em japonês isto de nada me ajuda, a menos que esteja disponível uma forma de tradução para um idioma que eu domine. Se houver uma base apropriada, qualquer ser humano pode transformar informações acessadas em conhecimentos, gerando competências.
As comunidades universitárias são detentoras de amplas bases de saberes tendo, portanto, imensos potenciais para gerar os conhecimentos que a sociedade brasileira e a humanidade precisam para resolver os graves problemas que se apresentam no século atual. Sistemas de informações como as 126 bases de dados e as 12365 revistas do Portal da Capes possibilitam estudos de variadas alternativas para um mesmo problema. O trabalho interdisciplinar multiplica o potencial da atuação das universidades.
Grandes desafios estão postos para a sociedade brasileira na atualidade, tanto em âmbito local, da grande Florianópolis, com do Estado, da região sul, do País, da América Latina, da comunidade de língua portuguesa e da humanidade mais ampla. As universidades brasileiras, especialmente as IFES, estão preparadas para oferecer as contribuições almejadas pela população. O trabalho multidisciplinar dentro da UFSC e em conjunto com as demais universidades brasileiras pode permitir que muitas amarras do desenvolvimento socioeconômico sustentável possam ser eliminadas.
Os alunos de todos os níveis são atores destacados neste processo. Cabe à universidade mobilizá-los para a responsabilidade social da educação pública. Os ex-alunos são também muito importantes neste encaminhamento. Atuando em sistemas produtivos externos de bens e serviços, os profissionais de nível superior detêm conhecimentos complementares da mais alta relevância para a definição de temas e formas de atuação de maior eficácia para a sociedade.
Atualmente e felizmente, a universidade já dispõe, através da internet, de mecanismos práticos e eficientes de comunicação com os agentes externos, pessoas e organizações, que atuam junto à população. As comunidades virtuais podem oferecer informações confiáveis e úteis aos catarinenses e brasileiros. O conhecimento disponível na UFSC pode e deve ser socializado de uma maneira bastante efetiva e abrangente. Hoje grande parte da sociedade já dispõe de acesso à internet.
Um grande desafio é organizar a UFSC e o sistema universitário nacional, especialmente as universidades públicas, para bem aproveitar as oportunidades históricas que se colocam neste século. A valorização dos universitários passa pela valorização das universidades junto à sociedade. Não basta mais formar bons alunos de graduação e pós-graduação. Os egressos não têm garantia de ocupação profissional. Torna-se necessário cria novas formas de relacionamento com a sociedade.
A evolução da ciência é cada vez mais rápida e as informações científicas e tecnológicas tornam-se muito mais importantes no mundo atual. A duração dos cursos universitários mostra-se excessivamente longa neste contexto. Os conhecimentos precisam ser gerados e disseminados com uma maior velocidade para serem efetivamente úteis à sociedade. A extensão, lastreada na pesquisa e bem organizada, é o caminho para uma interação que pode ser altamente benéfica para que possamos bem aproveitar as imensas potencialidades do Brasil.
Estamos nos empenhando para construir a universidade almejada pelos brasileiros. Nos termos da constituição federal, esta universidade está centrada, de forma indissociável, no tripé ensino, pesquisa e extensão. A formação para a pesquisa, especialmente através da pós-graduação, propicia a geração de novas realidades. Mas sem a interação, em mão-dupla, vinculada com a extensão, corremos o risco de descolamentos indesejáveis em relação aos problemas reais que nos circundam.