Em tempos de banalização das violências, blindagem é um serviço recomendado para bens móveis e imóveis com vistas à proteção do patrimônio e da vida. Em termos políticos, o uso da palavra blindagem assume outro sentido, qual seja, proteger a todo custo a imagem daqueles que representem interesses comuns em detrimento de outras pessoas ou grupos.
É neste último sentido que gostaríamos de estabelecer um debate com o artigo do professor Marcelo Carvalho, publicado no Boletim 656 (6 de outubro passado), denominado “Mateus 7, 1-5”.
No referido artigo, na tentativa de responder ao professor Paulo Rizzo, o professor Marcelo comete alguns equívocos que comprometem a imagem de integrantes da atual Diretoria da Apufsc e isentam e enaltecem a figura de seu presidente. Vamos aos pontos:
Professor Marcelo diz: “(…) os atritos entre o professor Armando e a diretoria se tornaram públicos com um artigo em que o professor Armando criticava a diretoria. No boletim seguinte, a diretoria em peso escreve um artigo em que praticamente exige a renúncia do professor Armando”. Correção: isto não é verdade! Na época, o professor Armando publicou texto com uma série de críticas, mas nenhuma delas direcionada à Diretoria. Basta ler o conteúdo de seu texto “Refundar o sindicalismo universitário”, publicado no Boletim de 11/06/2007, para constatar esse erro de interpretação. Quanto ao outro texto a que o professor Marcelo faz referência, ele não foi produzido por nenhum integrante da Diretoria (ver o artigo “Mudanças sim, mas com respeito à nossa história”, de professores externos à Diretoria, publicado em 18/06/2007). Aliás, não se exige renúncia no texto, mas sim que ele reveja sua conduta. Desta forma, os articulistas utilizaram seu direito legítimo de expressar suas opiniões a respeito do Sindicato, tal como o fizeram os professores Armando e Marcelo tantas vezes neste mesmo espaço. Assim, deixamos claro que JAMAIS houve publicação de pedido de renúncia ao professor Armando por parte desta Diretoria!
Sobre o manifesto de apoio ao presidente, para o qual foram recolhidas assinaturas, é importante destacar que apesar de termos sido acusados de maneira injusta e oportunista, tendo em vista o interesse deliberado em criar clima de acirramento no interior da entidade, é curioso como um de nós (Edgard), por três vezes, foi convidado a assinar tal manifesto.
O professor Marcelo diz que, após o manifesto: “(…) o mínimo que se esperaria seria então a renúncia de cada integrante da Diretoria exceto o Armando”. Resposta: realmente, o mínimo que os adversários queriam era a nossa renúncia. Mas preferimos, ao invés disso, fazer o máximo esforço para permanecer, em respeito àqueles que votaram na proposta da chapa e não apenas na personificação do presidente.
O professor Marcelo diz: “Não havendo mais condições na Apufsc para um diálogo construtivo entre a diretoria e o presidente, isso explica em parte certas decisões do professor Armando, vistas por alguns como passando por cima da diretoria, por exemplo, a contratação do escritório de advocacia para a questão do mandado de segurança da URP.” Resposta: se o professor Marcelo não quiser acreditar na Diretoria e também preferir amenizar este ato gravíssimo de quebra de confiança e desrespeito a decisões tomadas em reuniões de Diretoria, Assembléia e no Conselho de Representantes, então que ao menos considere a atitude de dois de seus colegas mais próximos. Sendo eles do Conselho, é bastante emblemático que o presidente da Comissão tenha se auto-destituído do cargo assim que tomou conhecimento daquilo que vinha sendo tramado pelo presidente da Apufsc em absoluto segredo, anunciando em público sua renúncia em virtude de não se identificar, dito com todas as letras, como “marido traído”. Ato contínuo, outro integrante da comissão fez o mesmo.
O professor Marcelo menciona que “na semana subseqüente a Diretoria convoca uma assembléia geral para desautorizar o pagamento devido ao escritório de advocacia”. Resposta: o presidente e os demais integrantes da Diretoria, junto com o Conselho de Representantes, viram por bem chamar Assembléia. Aliás, isso seria necessário, pois uma decisão nesta instância só poderia ser alterada no mesmo espaço. Neste caso, a Assembléia foi uma vergonha para a comunidade universitária, na medida em que tentativas de esclarecimento e discussão eram tratadas com gritos e vaias, algo que é próprio daqueles que querem renovar o movimento docente na base da imposição, desrespeito e enganação.
Em seguida, o professor Marcelo menciona o grau de oposição ao professor Armando “por contrariar práticas viciadas de se fazer sindicalismo”. Questiona se não será daí que se origina todo esse apoio a ele. Resposta: ressaltamos que a proposta de chapa da Diretoria foi aprovada por todos seus integrantes, proposta que incluía mudanças nas formas de participação, inclusive através da reinstalação do Conselho de Representantes. Avaliamos que não é daí que se origina o apoio, e vamos mais longe: o apoio obtido naquela época e daquela forma já não é mais o mesmo, pois muitos que assinaram o já mencionado manifesto não estão mais ao seu lado. Muitos dos que ainda o sustentam lhe fazem críticas severas. Outros o apóiam pelo cargo que ocupa, com nítidos interesses em domesticar a oposição do Sindicato à Reitoria, às fundações e ao governo Lula.
Com o devido respeito às opiniões do professor Marcelo – jovem pesquisador e novo integrante do quadro associativo –, não é mais possível proteger o presidente da Apufsc daquilo que ele próprio criou. Esse esquema que tenta blindá-lo a qualquer custo vai demonstrando evidentes sinais de fadiga crônica, pois, independentemente do processo eleitoral que se avizinha e de seus respectivos resultados, o acúmulo de problemas gerados em tão pouco tempo demonstram as fragilidades em dar coerência aos argumentos em sua defesa.
Finalmente, para que não fiquemos na disputa entre diferentes interpretações dos fatos, os associados podem verificar as publicações citadas neste artigo diretamente na seção do Boletim, na página www.apufsc.ufsc.br.