UFSC perde pesquisador

Pesquisador 1-A do CNPq, o professor titular do curso de Direito, Christian Guy Caubet, se afastou da UFSC no final de agosto, via cedência administrativa para a Universidade de Brasília (UnB). O motivo que o levou a tomar a decisão foi uma tentativa de agressão física, ocorrida em uma reunião do Colegiado do Curso de Pós-Graduação em Direito, combinada com a omissão da Reitoria em resolver o caso.

O professor tem sido alvo de assédio desde que passou a questionar e denunciar as irregularidades existentes nas relações entra a Pós-Graduação em Direito e a Fundação José Arthur Boiteux (Funjab), dita “de apoio” ao CCJ.

O assédio culminou com uma tentativa de agressão a Caubet na reunião do Colegiado realizada em 6 de junho passado, que só não se consumou porque o professor agressor foi contido por colegas.

No dia 13 de junho, Christian protocolou ofício dirigido ao reitor Álvaro Prata, solicitando que fosse aberta uma sindicância para apurar o ocorrido. No documento, o professor Caubet pede ainda que seja “isento da obrigação de comparecer” às reuniões do Colegiado sem risco de ser descredenciado do Programa de Pós-Graduação em Direito.

A Reitoria não apenas não abriu a sindicância, como comunicou o professor Christian, através de ofício datado de 29 de julho, que seu comparecimento às reuniões do Colegiado do curso era obrigatório, de acordo com o Regimento Geral da UFSCd+ sem comentário algum sobre a apuração dos fatos denunciados.

Diante disso, Caubet decidiu aproveitar a oportunidade de um renovado convite emanado da FUB –Fundação Universidade de Brasília- (a UnB), onde vai assessorar o atual reitor da instituição e contribuir para a criação de cursos específicos de EaD -Educação a Distância-.

Nos últimos anos, Christian vem questionando sistematicamente as irregularidades cometidas no âmbito da Funjab e do curso de pós-graduação em Direito. Falta de transparência, contas rejeitadas pelo Ministério Público, horas-aula em cursos de especialização não contabilizadas como extensão remunerada no plano de trabalho do departamento, ausência de qualquer esclarecimento a respeito da utilização de recursos oriundos de um, ou vários, convênio com a Fundação Cassamarca, de origem italiana, e de critérios para a distribuição de bolsas, são alguns dos problemas elencados pelo professor Caubet, não só e inicialmente dentro do colegiado do CPG em Direito, pelas vias administrativas da UFSC, mas, diante dos renovados silêncios desta, no Ministério Público, na Controladoria Geral da União (CGU), na Receita Federal e também na Justiça.

Por conta de sua luta por transparência e legalidade, Christian transformou-se em alvo sistemático de ataques, que culminaram com a tentativa de agressão física e o descaso da Reitoria.

Assim, a UFSC perde um de seus maiores pesquisadores, ex-representante da área de Direito no CA (Comitê Assessor) do CNPq-, reconhecido nacional e internacionalmente. Enquanto isso, a grande maioria dos questionamentos feitos por Christian, nos últimos três anos, a respeito das relações entre o CPGD, a Funjab e a Cassamarca seguem sem resposta.