Temos “novo” reitor na UFSC. Dia 9 de maio tomou posse em Brasília e dia 10 deu-se a transmissão do cargo aqui. Assistimos a mais uma equipe assumir a “alternância” no poder de administrar nossa Universidade. O que era para esperar-se como “novo”, já nasce velho! Afinal, evidenciam-se alguns fatos que nos levam a concluir que “há mais do mesmo”.
Senão, analisemos:
1. Nos três últimos pleitos, os resultados demonstram um padrão de votação onde predomina a força situacionista eminentemente conservadora, principalmente neste mais recente pleito, nos três segmentos da comunidade universitária (com destaque às pressões sobre muitos servidores e a cooptação com distribuição de benesses aos estudantes). E agora? Muitos colegas do campo da esquerda que foram apoiar o vencedor, e hoje, vem demonstrando insatisfação declarada face ao tratamento dispensado na aplicação das idéias discutidas em campanha e do plano que iria ser efetivado, pois nem se dignou a convidá-los à transição (Qual? Aconteceu ou nem precisou, pela equipe que ficou para dar continuidade e acertar os acordos de campanha?)d+
2. O que temos de “novo” nos cargos distribuídos? E, diga-se de passagem, aumentados, no primeiro escalão, de sete para nove. Uma atitude administrativa que ao invés de dar o exemplo de gestão, partindo da instituição que forma as lideranças futuras para exercerem cargos em setores públicos e privados, copia o executivo federal e muitas administrações estaduais, reproduzindo os vícios de atender interesses dos grupos que apoiaram sua eleiçãod+
3. Por atender os apaniguados, os grupos de apoio e de interesse que de há muito tempo administra a UFSC, não renova e nem inova, nos quadros técnicos, indicando apenas os apadrinhados de quem o criou e comandou o processo sucessório. É o Rodolfismo muito presente na UFSC e o retorno do corporativismo representado pelo Parmismo (a propósito, quem quiser ter maiores informações dessa época, indico a leitura do artigo do Prof. Pedro Antônio Vieira sob título “A armadilha das urnas: 20 anos de eleições diretas e de continuísmo na UFSC” no livro “O preço do voto: os bastidores de uma eleição para Reitor” /Waldir Rampinelli (org.) 2a ed. rev. ampl.- Florianópolis: Insular, 2008)d+
4. Contradiz muito do que foi pregado na campanha, de uma Gestão para o Século XXI. Mais uma vez, planos de ação e programas “para inglês ver”, iludir o eleitor em função do medo e temor da mudança, da “esquerda” assumir o poder. E lendo o artigo, de início de gestão, com enfoque mais euro-educacional do que para enfrentar a nossa realidade. Inclusive com depoimentos na imprensa local com caráter demagógico de “não utilização de cartão corporativo e nem andar com o carro oficial”.
5. Equipara-se a gestões administrativas frustrantes e decepcionantes, como o foram a do “Reitur” (1988 – 1992) e a do “Botelho” (2004 – 2008), que passaram despercebidas tanto no meio interno quanto no externo, pela pouca contribuição e pelas características da equipe estruturada. O primeiro pelas inúmeras viagens realizadas descuidando de administrar com eficiência e o último por deixar apenas como marcas, ao meu ver, a interiorização da UFSC e a institucionalização da extensão através de projetos de inclusão social, mas que no final da gestão também praticamente abandonou a administração para viagens infrutíferas.
Faço votos de estar errando na minha análise, em benefício da nossa instituição pública, democrática e com espírito crítico, pois pelo histórico das gestões desde 1977, as quais vivencio desde então, identifico apenas duas gestões administrativas (do Prof. Caspar Stemmer e do Prof. Diomário Queiroz) tiveram caráter independente dos grupos que vem se mantendo na estrutura e que decidem, muitas vezes, através de reuniões de estratégias traçadas, extra-campus, influenciando nos destinos da administração universitária.
Cabe às entidades representativas da comunidade universitária estar alertas e acompanhar nos fóruns e colegiados, as ações que afetam nosso cotidiano. Também é importante que uma oposição consciente de seu papel de fiscalizar e com caráter propositivo se manifeste periodicamente. Afinal, não há consenso e muito menos unanimidade na comunidade universitária sobre os caminhos que a administração percorre.