Caro professor Prata, caro professor Paraná, caros colegas, a posse de novos dirigentes na Reitoria é um momento de gala, quando rituais e discursos renovam a esperança em nossa meritória instituição universitária.
A universidade não apenas produz ou processa informações, muito menos apenas interpreta a realidade. Somos criadores de realidade, um lugar onde as pessoas podem realizar sua imaginação inventiva, utilizando persistentemente de métodos rigorosos para tal. Porém, nossa ciência não é meramente produzida autisticamente, voltada apenas para nossas vaidades, ou para ficar restrita entre os prédios do campus. Perfazemos a inteligência da nação, somos a consciência da mesma. O conhecimento aqui produzido é estratégico para a soberania nacional. Nossa missão é, portanto, estar a serviço de um projeto de país, produzir o pensamento que nosso Brasil carece para superar seus dramas, seguir seu destino histórico e contribuir, como nação soberana e solidária nos trópicos, para o aperfeiçoamento civilizatório.
Quando perdemos este horizonte, contribuímos para uma época de excesso de palavras, mas absurdamente mudad+ exibimos currículos cheios de publicações que ninguém leu, carregados de requintes mas vazios de importância. Nosso tempo – e especialmente nossa UFSC – não carece de grandes discursos, mas de atitudes verdadeiras.
Caso os novos dirigentes universitários sejam fiéis a aquela missão, a qual exige, consequentemente, a valorização do trabalho acadêmico, podem ter certeza de que terão ao seu lado como aliados na superação dos entraves existentes, e que virão, um movimento docente renovado, uma NOVA APUFSC, um sindicato fortalecido.
Saibam, portanto, que nos próximos 4 anos um Sindicato ainda mais forte e atuante se fará presente, especialmente para corrigir o sucateamento do trabalho docente. Apesar de sermos os mais qualificados servidores da União, de contribuirmos decisivamente na construção deste país, há cerca de 80 carreiras de servidores federais com salários maiores que os nossos.
Como se isto não bastasse, em nossa UFSC convivemos com o absurdo de metade dos docentes ganhando 20 % a menos, ignomínia tão aviltante quanto a aberração de ter a outra metade dos professores ameaçada de perder 1/3 dos salários pelo resto de suas vidas.
Pedimos apenas o respeito a sentenças transitadas em julgado que determinam expressamente a INCORPORAÇÃO de 26,05% aos nossos empobrecidos salários, o respeito do princípio constitucional da isonomia. Tendo presente estes fundamentos legais, bem como o princípio da autonomia universitária, Vossa Magnificência tem o poder e o dever de reconduzir a UFSC para o caminho do estado de direito e da segurança jurídica.
Caros dirigentes da Reitoria: é fundamental exercer a autoridade que emana naturalmente da universidade, advinda do conhecimento aqui produzido, e, com base na integridade do cargo por vós ocupado, ter coragem de fazer justiça.
Boa sorte para todos nós.