Afronta

Recentemente, após uma luta judicial de quase l8 anos, o governo cortou, ao arrepio da lei, 26% dos já defasados salários dos professores universitários. Diante dessa grotesca afronta, gostaria de homenagear as miríades de colegas de todos os níveis,  espalhados  por este imenso país e que diuturnamente  dedicam grande parte de suas vidas  a incansável e magnânima  missão de ensinar.

Excluir milhões de compatriotas da  ignorância e do analfabetismo, pois quem se dedica e este mister, tem o inaudito prazer  de levar a outrem,  desvendar  os segredos  que a vida encerra , em todos os segmentos da atividade humana. Abrir novos caminhos, iluminar as trevas do desconhecido, descortinar novos caminhos para vislumbrar novos horizontes antes nunca  imaginados, este é o objetivo. Nosso mundo será sempre da dimensão do nosso saber e aí reside a sedutora atração do magistério. O mestre é junto à família o maior transformador da sociedade. Sinto um profundo  sentimento de pesar, tristeza e frustração  pelo  abandono e ao descaso a que está relegada esta valorosa classe  que a despeito das vicissitudes – vai em frente – quer por um pretérito que não foi  ou  por um futuro imprevisível

Desafortunadamente já se vislumbram evidentes sinais de fadiga pelas injustiças a ela proporcionada, notadamente  manifestada pela precariedade  do ensino.

É profundamente lamentável que décadas de infrutíferas promessas continuem evidenciando a falta de  reconhecimento  e insensibilidade junto a uma classe catalisadora de verdadeira  reforma  e melhores perspectivas  de desenvolvimento à nação. Exercem estes senhores uma política em que suas consciências cívicas, conturbadas, confundem-se em vislumbrar os verdadeiros problemas brasileiros. O que se percebe  é uma intencional destruição  não só da classe política, títere. Há também, ardilosamente,  uma deliberada intenção  da destruição da classe pensante, pois ela é  e sempre será  a geradora de críticas  e capaz de reformulações. Famoso jurisconsulto já disse: “é a luta pelo direito individual que faz o direito coletivo”. A esperança resultante é a de que  a história humana tem produzido, de tempos em tempos, lideranças obstinadas que não aceitam o “canto da sereia”.