A democratização do processo eleitoral para escolha dos dirigentes foi uma grande conquista da Universidade brasileira. A UFSC teve um destacado papel nesta empreitada. No entanto, como vemos nos governos e nas casas legislativas, eleições bem estruturadas e organizadas são apenas o início da verdadeira democratização das decisões e ações.
A UFSC, enquanto universidade pública, deveria ter, como debatemos na Estatuinte, um colegiado consultivo, formado por representantes da sociedade catarinense, com atribuições de propor objetivos e programas, bem como, de avaliar os resultados das atividades acadêmicas desenvolvidas. Os ex-alunos também deveriam ser ouvidos na formulação de políticas universitárias. O distanciamento da realidade circundante ainda é uma deficiência da UFSC.
No plano interno, os colegiados precisam ser mais e melhor envolvidos nos processos de planejamento e avaliação. Sem objetivos e estratégias corretamente definidos e democraticamente legitimados, as melhorias nas atividades acabam ficando por conta de interesses particulares de pessoas ou grupos, perdendo seu caráter institucional.
Na eleição de um reitor a comunidade julga o respectivo plano de trabalho e a capacidade de sua equipe em bem implantar as ações propostas. No entanto, entendo que o reitor eleito não deva ter carta branca para implantar todo o seu plano. Não existe uma dualidade perfeita em que todas as idéias do vencedor devam ser consideradas boas e as propostas de seus adversários na disputa devam ser descartadas de pronto. Entendo que caiba um processo de homologação de cada item proposto pelos colegiados superiores da UFSC.
No plano externo, também o reitor empossado deve ter o respaldo dos colegiados competentes para atuar com plena legitimidade em fóruns nacionais como a Andifes. Em casos recentes, como o Programa Reuni do MEC, o reitor deve previamente ouvir o Conselho Universitário para melhor auscultar o pensamento da comunidade universitária, criando condições para atuar com maior legitimidade nos processos decisórios de âmbito nacional.
Para alcançar sua efetiva democratização a UFSC não pode tolerar pressões de minorias autocráticas, que se consideram donas de verdades incontestáveis e tentam impor, a ferro e fogo, suas idéias e concepções. Um reitor democrático é aquele que sabe ouvir as várias versões, submetendo aos órgãos competentes, dentro e fora da UFSC, suas propostas devidamente amparadas no Estatuto e nos Regimentos da Universidade. Os conflitos entre a equipe dirigente e os colegiados institucionalizados representam uma grave ameaça ao futuro que almejamos para a universidade que estamos construindo, com muito empenho e dedicação, há tantos anos.