Marcha reúne mais de 20 mil em Brasília

Mais de 20 mil pessoas participaram da Marcha Nacional em Defesa dos Direitos, na última quarta-feira, dia 24, em Brasília (DF). Após realizarem uma passeata pelo Eixo Monumental, durante a manhã, os manifestantes se reuniram em frente ao Ministério da Previdência Social para protestar contra as reformas propostas pelo governo federal (como a da Previdência, a Trabalhista e a Universitária) que, na opinião dos militantes das 200 entidades organizadoras do evento, vão retirar mais direitos dos trabalhadores brasileiros. 

 “O governo federal quer mexer na Previdência Pública porque esse é o único setor que ainda não foi entregue à iniciativa privada. E há muitos recursos nesse setor”, lembrou o presidente do Andes-SN, Paulo Rizzo, durante seu discurso. Conforme ele, a reforma realizada anteriormente pelo governo prometia ampliar os benefícios para os 50 milhões de brasileiros excluídos da Previdência Social. “O resultado é que, hoje, o número de excluídos aumentou”, denuncia.

José Maria de Almeida, da Coordenação Nacional da Conlutas, disse que a Marcha Nacional foi a culminância do Encontro Nacional realizado em São Paulo no dia 25 de março. “Mas é também um aviso ao governo federal de que não aceitaremos a reforma que o Fórum Nacional da Previdência Social [FNPS] elaborou. Se o governo sequer enviar essa proposta ao Congresso, organizaremos uma greve nacional no primeiro semestre de 2008, pois os trabalhadores brasileiros não aceitam essa reforma”, afirmou.

ARTE-ENGAJADA

Durante a marcha, o Andes-SN chamou a atenção pela forma inusitada que encontrou para protestar contra o Programa de Expansão e Reestruturação das Universidades Federais (Reuni). Lançado pelo governo federal como parte do pacote de medidas da reforma universitária, esse programa deverá intensificar ainda mais a precarização do trabalho docente e da qualidade do ensino superior.

Os docentes ocuparam a área na frente do Congresso Nacional com uma instalação artística formada por 100 espantalhos, vestidos com becas e portando diplomas nas mãos. O objetivo da instalação foi fazer uma analogia entre o Espantalho, célebre personagem de O Mágico de OZ, e os alunos que irão sair da universidade após a vigência do Reuni. Na clássica história infantil, o espantalho, ávido por adquirir conhecimento e sabedoria, procura o grandioso Mágico de Oz para pedir-lhe um cérebro. O mágico, que não passa de um charlatão, encontra uma solução falaciosa: em vez de um cérebro, concede um diploma ao espantalho.

 “O governo federal quer transformar a universidade pública em uma fábrica de fazer diplomas, sem se preocupar com a qualidade do ensino oferecido. E isso vai precarizar ainda mais o trabalho do docente, que enfrentará salas de aula lotadas sem a infra-estrutura necessária para garantir educação superior de qualidade. Toda a sociedade sairá perdendo. É contra isso que protestamos”, resumiu o professor Laudenir Antônio Carvalho, vice-presidente da Regional Andes-SN Pantanal, que participou ativamente do movimento.

Paulo Rizzo saudou o movimento estudantil, que tem lutado bravamente contra a adesão das universidades federais ao Reuni com manifestações e ocupações de reitorias para pressionar os conselhos universitários a não aprovarem a adesão ao programa. “A juventude brasileira, os filhos dos trabalhadores, não precisam apenas de vagas nas escolas, mas de educação de boa qualidade, porque, ao contrário do espantalho, têm cérebro e precisam de uma educação de boa qualidade”. 

O presidente do Andes-SN também criticou a postura do Estado brasileiro de mero pagador de juros. “Precisamos investir nosso dinheiro em educação e saúde e para garantir outros direitos, como a aposentadoria, que os banqueiros estão de olho. Não aceitaremos essa terceira etapa da reforma universitária que o governo pretende executar”. 

Reforma Universitária

A Frente de Lutas Contra a Reforma Universitária levou centenas de manifestantes de todo o país ao Ministério da Educação (MEC), entre os quais estudantes da Coordenação Nacional de Luta dos Estudantes (Conlute) e da Frente de Oposição de Esquerda da UNE, professores organizados no Andes-SN e Sinasefe, além de outras categorias de trabalhadores. Mais de cem policiais militares, de acordo com o comandante da operação, bloquearam as entradas do Ministério para impedir que os estudantes entrassem no prédio. Lideranças de várias universidades deixaram claro para o governo que continuarão lutando contra o Reuni e que novas ações serão realizadas.