Dia destes recebi um e-mail de uma amiga com uma simples mensagem: quem mandou você estudar e, inserida na mensagem, uma bem montada apresentação em PowerPoint de uma mansão identificada como sendo do jogador de futebol conhecido como Ronaldinho.
Olhei as imagens da aludida residência, refleti sobre a pergunta, sobre a vida e respondi da maneira a seguir.
Não tenho casa, não tenho dinheiro e não tenho ciúmes do Ronaldinho.
Não tenho ciúmes do Ronaldinho porque sei que a vida de um professor tem um significado especial para a sua profissão e para as pessoas que, em uma progressão geométrica, são beneficiadas pelo seu conhecimento e de seus alunos e dos alunos destes, às vezes, por gerações.
Não tenho ciúmes do Ronaldinho porque antes dos quarenta anos lhe restará somente o passado de uma carreira profissional efêmera e atípica como a sua própria vida.
Diferentemente da maioria dos educadores que dedicam suas existências às outras pessoas, e envelhecerão com suas memórias os Ronaldinhos, pelo resto de seus letárgicos anos, refletirão sobre a inutilidade de suas vidas e, se num inusitado gesto de dedicação ao próximo, fizerem doações para instituições de caridade, isto poderá ser de pouca valia, porque eles sabem que, assim procedendo, usufruirão o benefício de desconto no Imposto de Renda.